O controle é seu, não da compulsão!

Talvez você conheça alguém que, mesmo estourando o limite do cartão de crédito, não abra mão de fazer uma nova compra. Ou que permaneça horas e horas em frente ao computador, negligenciando tarefas importantes do dia a dia. E quem nunca passou por uma situação difícil e descontou todo o estresse numa boa refeição? Em alguns casos, esses comportamentos são só exageros. Mas quando realizados de forma frequente e repetitiva, como forma de alívio para sentimentos de tristeza e ansiedade, podem ser caracterizados como compulsivos, pedindo atenção à saúde física e mental. 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 120 milhões de pessoas sofrem com algum tipo de compulsão em todo mundo. Por jogos, compras, tecnologia, substâncias químicas, arrumação e até sexo, a doença já é considerada o quarto diagnóstico psiquiátrico mais frequente. Além disso, aumenta a predisposição a outros distúrbios. Cerca de 70% dos pacientes diagnosticados, por exemplo, possuem também depressão.

Mecanismo de compensação

Quando experimentamos um comportamento que gostamos muito, o cérebro regista a impressão como algo positivo. No entanto, para a pessoa que sofre com algum tipo de compulsão, toda vez que ela estiver passando por uma situação difícil ou estressante, o cérebro irá recuperar aquela sensação de prazer e pedir mais. Mesmo que a solução seja provisória e alivie a ansiedade e angústia só por um momento, a dependência já passa a caracterizar aquele comportamento como uma forma de compensação para qualquer sentimento ruim. 

Dessa forma, a compulsão torna a pessoa refém e, por tabela, faz com que ela perca – parcial ou totalmente – o controle da própria vida. Em situações em que não consegue pôr em prática o ato compulsivo, é comum apresentar sintomas como alterações de humor, irritação, sudorese, taquicardia e tremor. No entanto, após realizá-lo, sente uma sensação negativa de remorso e decepção pela incapacidade de dominar os próprios impulsos. Mesmo assim, o arrependimento não dura muito: numa atitude compensatória, o mal estar causado pela culpa reforça o comportamento compulsivo, dando continuidade a um círculo vicioso.

Tratamentos

Embora existam tratamentos eficientes com medicamentos e psicoterapia cognitivo comportamental (TCC), aproximadamente 25% de pacientes compulsivos não respondem a eles. Nesse sentido, a neurociência já deu um passo importante. Ao buscar novas formas de intervenção que ajudassem no alívio dos sintomas de dependência, encontrou na técnica de estimulação magnética transcraniana (EMT) uma alternativa terapêutica com resultados bastante positivos. 

Por meio da variação de um campo magnético, a estimulação magnética ativa regiões do cérebro que estão envolvidas no controle inibitório de comportamentos compulsivos. Ao modificar e equilibrar essas áreas, a técnica promove um aumento da atividade neuronal, estimulando o cérebro a dominar o vício e trazendo melhoras importantes na qualidade de vida dos pacientes.

Conheça a estimulação magnética transcraniana

Além de trazer mais efetividade do que os medicamentos geralmente prescritos na luta contra a dependência, estudos recentes mostram que a estimulação magnética tem uma boa resposta em pacientes refratários, ou seja, aqueles que não respondem mais às terapias convencionais. O método é também um procedimento seguro, o que é fundamental na busca por novas alternativas médicas contra o vício.

No Brasil, a técnica é liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2006 e recomendada pelo Conselho Federal de Medicina para o tratamento de depressão e esquizofrenia desde 2012. No entanto, sua utilidade terapêutica para outros distúrbios neurológicos e psiquiátricos já vem sendo apontada em diversos artigos e pesquisas.

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Este post tem 5 comentários

  1. Valter David Ribeiro

    Funcionaria como ajuda ao tratamento do tabagismo ?

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