Os 15 principais fatores de risco da depressão pós-parto

Tenho uma paciente muito querida que, felizmente hoje em dia, faz tratamento com estimulação magnética (EMT) apenas para manutenção, pois já apresentou remissão de seus sintomas depressivos e ansiosos, que eram incompatíveis com sua vida. Um dia, saindo de sua sessão quinzenal de EMT, me disse: “Se eu conhecesse esse tratamento na época em que fui diagnosticada com depressão pós-parto, certamente seria ainda mais feliz”. E continuou: “Doutora, você acredita que até hoje me sinto culpada por não ter amamentado meus filhos, pois tive que tomar medicamentos?”.

Essa conversa me fez pensar e escrever sobre um tema que poderia ser mais discutido pela mídia ou mais levantado pelos médicos obstetras que acompanham essas mulheres. Muito se fala sobre a importância de fazer um acompanhamento médico, realizar exames e fazer uso de medicamentos como acido fólico, mas infelizmente assuntos como depressão e transtorno de ansiedade são muito pouco discutidos na consulta do pré-natal. Fato é que esse assunto negligenciado é mais comum do que se possa imaginar: 10 a 23% das mulheres apresentam depressão pós-parto.

Uma das justificativas para essa grande incidência é que a mulher sofre uma variação hormonal que, por si só, já é capaz de deflagrar depressão ou transtorno de ansiedade. O corpo muda, a mente se transforma e o cérebro cria novas conexões. Uma nova identidade se forma. A mulher mãe. Essa, além de se transformar fisicamente, enfrenta uma realidade completamente diferente, onde há uma necessidade em administrar melhor o tempo, suas relações conjugais, sociais, laborais e financeiras. Essas grandes mudanças tornam-se prato cheio para quem já apresenta uma suscetibilidade genética a desenvolver algum distúrbio psiquiátrico.

Infelizmente, muitas mulheres se sentem culpadas por se sentirem mal e, a sociedade, por sua vez, cobra uma atitude positiva e altruísta para com o bebê. Muitas sofrem desse mal e só procuram ajuda muito tardiamente. Essa demora talvez seja justificada pelo apoio sincero, mas ignorante de seus familiares, que repetem frases como “Essa fase é difícil mesmo, é difícil para todo mundo, logo vai passar” ou “Deixa disso, olha que filho lindo você fez”. É importante entender que mesmo as formas mais brandas de depressão materna podem afetar o bebê, uma vez que ele consegue perceber as mínimas deficiências na contingência do comportamento materno, dificultando o vínculo afetivo favorável entre mãe e filho.

Crianças de mães com depressão não tratada fazem menos contato visual com suas mães, têm reatividade psicológica aumentada, fazem menos vocalizações e, talvez o mais importante, apresentam um desempenho pior em desafios do desenvolvimento com um ano de idade quando comparadas com controles normais. Além disso, a depressão pode comprometer imensamente a qualidade de vida da mãe, inclusive podendo levá-la à morte.

Portanto, mãe, se observar sinais de tristeza, falta de energia, isolamento, apatia, irritabilidade, ansiedade por um período superior a 10 dias, procure ajuda de um profissional de saúde, pois a partir de um diagnóstico preciso e precoce um tratamento pode ser instituído. Uma das alternativas mais tradicionais é a psicoterapia cognitiva comportamental medicamentosa, já em casos mais graves, a paciente pode ser submetida ao tratamento por eletroconvulsoterapia. Em 2013 em um importante jornal científico, Arch Womens Ment Health, destacou a Estimulação Magnética Transcraniana, como o tratamento ideal durante a gestação ou pós-parto, pois além de ser efetivo apresenta algumas características destacadas abaixo que são fundamentais para a manutenção da saúde da mãe e do bebê.

 BENEFÍCIOS DO TRATAMENTO ATRAVÉS DA ESTIMULAÇÃO MAGNÉTICA TRANSCRANIANA 

  • Sem efeitos colaterais
  • Permite a amamentação
  • Tratamento focal
  • Seguro
  • Não invasivo

Hizli Sayar G, Ozten E, Tufan E, Cerit C, Kagan G, Dilbaz N, Tarhan N. Transcranial magnetic stimulation during pregnancy. Arch Womens Ment Health. 2013 Nov 20.

OS 15 PRINCIPAIS FATORES DE RISCO DE DEPRESSÃO PÓS-PARTO

  • Mulheres que apresentam TPM
  • Adolescentes grávidas
  • Mulheres com disfunção tiroideana
  • Primigestas com idade superior a 30 anos
  • Morte de familiares recente ao parto
  • Retomada de atividade profissional
  • Grande ganho de peso durante a gestação
  • História prévia de depressão  ou de doença psiquiátrica
  • Fatores estressantes socioeconômicos (falta de suporte social, eventos de vida negativos, instabilidade empregatícia ou ocupacional, inexperiência com crianças, gravidez não planejada, “pessimismo pré-natal”, relações conjugais precárias ou falta de companheiro estável, relações precárias entre a paciente e sua mãe, multiparidade)
  • História psiquiátrica familiar 24;
  • Traços de personalidade (obsessivo-compulsivos, ansiosos, depressivos, etc.)
  • Tentativas de suicídio prévias
  • Má evolução de gestações anteriores (abortamentos espontâneos ou induzidos, crianças doentes)
  • Maus cuidados pré-natais
  • Má nutrição
  • Uso de álcool ou drogas

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ARTIGO RECENTE SOBRE EMT e GRAVIDEZ (ABSTRACT)

TMS and Pregnancy

TMS, if effective, would be an ideal treatment for women who develop depressive symptoms during pregnancy

in that there would be no exposure to mediations.  To our knowledge, there has been only one study assessing

the safety and effectiveness of rTMS in pregnant patients with depression.

In this study, 30 depressed pregnant patients received rTMS over the left prefrontal cortex for 6 days per week

for 3 weeks.17   All of these women were considered to be “treatment-refractory”, meaning that they had failed

to respond to treatment with at least two pharmacologically distinct antidepressant.  After 18 sessions of rTMS,

the mean HAMD score for the study group decreased from 26.77?±?5.58 at baseline to 13.03?±?6.93

(p?<?0.001).  After the treatment period, 41.4 % of the study group demonstrated significant mood

improvements as indexed by a reduction of more than 50 % on the HAMD score. In addition, 20.7 % attained

remission (HAMD score?<?8).  The treatment was well tolerated, and no significant adverse effects were

reported.

This study indicates that rTMS may be a useful treatment option for women with depression during pregnancy.

However, more study is required in order to determine which women are likely to benefit from this treatment.

Most of the women included in this study had moderate depressive symptoms.

17.  Hizli Sayar G, Ozten E, Tufan E, Cerit C, Kagan G, Dilbaz N, Tarhan N. Transcranial magnetic stimulation

during pregnancy. Arch Womens Ment Health. 2013 Nov 20.

por Drª Vanessa Muller

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