Não existe dor normal

Em um dos treinos de Beach Tennis, caí de mal jeito segurando a raquete e na hora doeu muito. Como tenho uma tolerância grande à dor, fiz apenas uma expressão de sofrimento e, como sou orgulhosa, segurei o meu grito.  Gelo por 20 minutos e cá estou eu escrevendo com minha mão direita inchada. Estou tomando analgésico, mas confesso que deveria ter ido à emergência para confirmar ou afastar uma potencial fratura do tubérculo de meu osso escafoide. Certamente se minha dor fosse intolerável teria sido uma melhor paciente e teria procurado ajuda.

A dor é um sinal de alerta que nos faz parar, nos preserva. Essa sensação é definida como uma experiência física e/ou emocional desagradável, relacionada com o dano real ou potencial de algum tecido ou que se descreve em termos de tal dano. Quando não se trata adequadamente a dor aguda, que dura segundos, minutos ou poucos dias, ela pode se tornar crônica e se tornar a própria doença para o paciente, persistindo por meses ou anos.  Conviver com dor compromete seu sono, seu apetite, seu humor, sua produtividade no trabalho, seu bem estar social, enfim, compromete sua qualidade de vida.

Um dos grandes problemas é que a dor é invisível e, apesar de existir escalas de dor, essas informações são subjetivas e, portanto, incomensuráveis. Talvez a minha dor agora seja de três, numa escala de zero a 10. Mas, se eu estivesse ansiosa, poderia ser quatro, ou, se estivesse no período menstrual, fosse ser cinco. A dor sofre influencia do humor, das variações hormonais, da genética, do ambiente, enfim, de vários fatores.

Não existe dor de cabeça normal, não existe dor na coluna normal, não existe dorzinha na barriga normal. Dor nunca é normal. Dor é dor e representa que há algum desequilíbrio ocorrendo que deverá ser investigado por um profissional de saúde. Ao médico compete uma boa avaliação da história clínica, localização, intensidade, tipo, fatores desencadeantes, fatores arrefecedores, história familiar e social. Todas essas informações certamente culminarão em um diagnóstico preciso, através do qual o médico determinará um tratamento adequado, que geralmente envolve a participação de outros profissionais, como fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacional etc.

Por: Dra. Vanessa Teixeira Muller