Comportamentos compulsivos: quando o ciúme é demais?

No ciúme patológico, comportamentos compulsivos são frequentes, sustentados pela ilusão de que é possível controlar o parceiro

Talvez você já tenha passado por essa situação, afinal, quem nunca sentiu ciúme do parceiro pelo menos uma vez? Na dosagem certa pode até ser uma forma de cuidado e proteção ao relacionamento que construíram juntos. Mas quando o sentimento vira uma preocupação constante e começa a se traduzir em pensamentos irracionais e comportamentos compulsivos, ele extrapola a fronteira do saudável e passa a interferir diretamente na liberdade e no bem estar do casal.

No ciúme normal, o receio e a ansiedade surgem quando percebemos que algo ou alguém está tentando reduzir o espaço afetivo que ocupamos na vida do parceiro. É transitório e baseado em ameaças e fatos reais. Já no ciúme patológico, o medo de perder a pessoa amada nasce de suspeitas e delírios infundados, frutos da própria imaginação. Costuma vir também acompanhado de fortes emoções – como medo, tristeza, raiva – e, se não tratado adequadamente, pode ser expresso por meio da violência física ou psicológica.

Nesse sentido, os pensamentos do ciumento patológico se assemelham aos dos indivíduos que sofrem com o transtorno obsessivo compulsivo (TOC): são intrusivos, desagradáveis e incitam atitudes de verificação. Não à toa, na tentativa de aliviá-los e controlar o que o parceiro faz ou sente, comportamentos como checar suas ligações e e-mails, segui-lo às escondidas e proibi-lo de sair sozinho com os amigos tornam-se cada vez mais frequentes e repetitivos. E quase sempre trazem prejuízos para quem os pratica, para quem é alvo deles e para o relacionamento entre os dois.

Mecanismo de compensação do ciúme

Ainda que esses comportamentos compulsivos sejam soluções provisórias e só aliviem a ansiedade por um momento, nosso cérebro já passa a caracterizá-los como uma forma de compensação para o estresse e a angústia gerados pelo ciúme. Dessa forma, tornam a pessoa refém e, por tabela, fazem com que ela perca o controle da própria vida, que gira cada vez mais em torno do parceiro.

A predisposição a outros distúrbios mentais, como depressão e paranoia, também aumentam nos casos de ciúme patológico. Ansiedade excessiva e baixa autoestima são outras características comuns a esses indivíduos, tendo origem, na maioria dos casos, nas suas próprias inseguranças e instabilidades emocionais – e não na negligência ou falta de reciprocidade do parceiro, como costuma acreditar.

Conheça os sinais de alerta para o ciúme patológico

Nos casos mais graves, além dos medicamentos para aliviar os sintomas de tristeza e ansiedade, sessões de terapia também podem ajudar quem sofre com o problema, trabalhando na melhora da autoestima e da segurança pessoal. Com o tempo, o paciente percebe que seus pensamentos são irracionais, baseados numa autoilusão, e os seus comportamentos compulsivos são desnecessários. Suas relações, então, se tornam muito mais felizes e saudáveis.

Quer conhecer outras atitudes que podem ajudar a identificar um ciumento patológico? Confira:

– Perseguir o parceiro às escondidas para confirmar as suas suspeitas.

– Checar sem autorização as ligações, as mensagens, os e-mails e as faturas do cartão do parceiro.

– Controlar os horários, as amizades e o jeito do outro se vestir.

– Não gostar dos amigos nem da família do parceiro, impedindo que eles convivam com eles.

– Pouca tolerância à frustração. Caso o parceiro não haja de acordo com seus planos, reage com raiva, ou até violência em casos extremos.

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