Mudar um hábito: a neurociência explica por que é tão difícil

Gastar menos, se exercitar mais, produzir melhor. Entenda por que mudar um hábito e transformar a rotina nem sempre é fácil

Fazemos promessas, impomos metas, dizemos que dessa vez é pra valer! Mas quem nunca tentou começar algo novo ou mudar um hábito ruim e desistiu no meio do caminho? A falta de persistência, no entanto, vai além da força de vontade, e tem um componente de peso ao seu favor: o cérebro, que colabora para que você se sinta melhor numa zona de conforto, cultivando padrões e comportamentos antigos.

Não é por mal. Nosso cérebro é programado para trabalhar em economia de energia, realizando de forma mecânica grande parte das tarefas. Esses são os chamados hábitos, sequências de ações aprendidas depois de muita repetição, até que passam a ser executados com um mínimo de esforço mental. Existem, então, para facilitar a rotina e deixar o nosso cérebro mais eficiente. Afinal, como conseguiríamos fazer tantas coisas em um dia se fosse preciso raciocinar em cada uma delas?

Perdendo hábitos e saindo do piloto automático

E, na maioria dos casos, cultivamos bons hábitos. O problema são aqueles que mantemos e que interferem negativamente na saúde e na qualidade de vida. Como já estão gravados na memória, mudá-los para começar uma nova rotina nem sempre é fácil. Ou seja, muitas vezes, a vontade consciente não é suficiente frente às reações e padrões automáticos do cérebro.

Isso explica, por exemplo, por que acordar cedo e ir à academia não parece uma boa ideia para o cérebro nas tentativas iniciais. Ele precisa, primeiro, aprender a fazer isso. E depois de alguma insistência, finalmente chega a recompensa: gosta do estímulo da endorfina liberada nos exercícios e forma, assim, um novo hábito.

Recompensas que viciam

Quando experimentamos um comportamento que gostamos muito, o cérebro regista a impressão como algo positivo. Assim, toda vez que passamos por uma situação difícil ou estressante, o cérebro recupera aquela sensação de prazer e pede mais. Mesmo que a solução seja provisória e alivie a ansiedade e angústia só por um momento, o vício já passa a caracterizar aquele comportamento como uma recompensa para qualquer sentimento ruim.

O grande problema é que, com a repetição, um simples hábito pode se transformar em uma compulsão, tornando a pessoa refém e fazendo com que ela perca – parcial ou totalmente – o controle da própria vida. Em situações em que não consegue pôr em prática o ato compulsivo, é comum apresentar sintomas como alterações de humor, irritação, sudorese, taquicardia e tremor. Após realizá-lo, no entanto, sente uma sensação negativa de remorso e decepção pela incapacidade de dominar os próprios impulsos.

Mesmo assim, o arrependimento não dura muito e isso não a impede de continuar: numa atitude compensatória, o mal estar causado pela culpa reforça o comportamento compulsivo, dando continuidade a um círculo vicioso, que, em casos extremos, pode até precisar de ajuda médica para ser posto ao fim.

Como mudar um hábito ruim?

De início, a motivação de querer mudar libera endorfina e proporciona uma sensação de satisfação e prazer. Após algum tempo, no entanto, a vontade de largar tudo e voltar ao conforto dos hábitos antigos pode aparecer. Nesse momento, mantenha-se firme na sua decisão e logo verá os primeiros resultados começarem a aparecer. Estará aberto, então, um caminho novo para mudança!

Gostou da ideia? Confira um passo a passo para chegar lá:

– Identifique o comportamento que deseja mudar.

– Reflita, quando coloca esse hábito em prática, o que você realmente busca? Essa consequência vale a pena?

– A parte mais difícil. O que leva você a executar esse comportamento negativo? Uma dica é anotar padrões que se repetem no momento anterior ao seu impulso e se questionar: estava ansioso, triste, estressado?

– Depois de entender o que está por trás do seu hábito, chegou a hora de agir. Defina metas e objetivos para trocá-lo por outro mais saudável, e dê início a um movimento de mudança na sua vida!

VTM_assinatura_post (2)

Este post tem um comentário

  1. MARTA LIMA DA SILVA

    Bom dia. Gostaria de saber se o neurodiagnóstico pode ser feito com plano de saúde. Gostaria de saber, também, se existe algum lugar, aqui no Rio de Janeiro/ RJ, onde ele possa ser feito. Agradeço pela atenção.
    Marta Lima

Deixe um comentário