Conceitualmente, a dor crônica refere-se a dor que persiste por mais de três meses, mas há controvérsias. Pessoas mais velhas, em trabalhos extenuantes e principalmente mulheres, são as mais atingidas. Estima-se que um a cada cinco adultos é diagnosticado com dor crônica.
As mudanças no cérebro de quem sofre dor crônica têm sido motivo de inúmeras pesquisas. Com os estudos de neuroimagem mostraram-se até mudanças morfológicas em algumas áreas do córtex cerebral. E revisões científicas amplas mostram a extensão do problema. Mudanças físicas, funcionais e genéticas no cérebro de quem sofre dor persistente. Apesar de se comportar como uma doença em, taxar a dor crônica como tal ainda é discutível.
Talvez, a complexidade dessas amplas alterações neuroplásticas sinalizem para a somatória de inúmeros fatores, adaptativos, de sobrevivência, e disfuncionais. A questão de reconhecer a complexidade da dor crônica, como se fora uma doença, é fundamental para a prática clínica, diferenciando-a do dor aguda, para fins educacionais, científicos e até administrativos.
Sintomas da dor crônica
A dor crônica pode causar uma série de sintomas que atrapalham a qualidade de vida do paciente. Imobilidade, depressão, alterações do sono, problemas nutricionais, dependência de medicamentos, de profissionais da saúde, de cuidadores e de instituições, incapacidade para o trabalho, ansiedade, medo, amargura, frustração, depressão e suicídio são algumas das complicações que podem acompanhar o indivíduo.
Dor de Cabeça crônica
A dor de cabeça crônica costuma ser uma evolução comum da enxaqueca e das dores de cabeça esporádicas, quando mal tratadas ou tratadas apenas com analgésicos. Isso porque, o hábito da automedicação, pode trazer consequência graves à saúde, tornando diários episódios de dores eventuais. Segundo a Organização Mundial da Saúde, em todo mundo cerca de 50% das pessoas que têm dores de cabeça se automedicam, enquanto apenas 10% procuram por um médico.
No caso da enxaqueca, por exemplo, é comum que pacientes que façam uso excessivo de remédios por conta própria – mais de duas vezes na semana – passem a apresentar cefaleia crônica todos os dias. O hábito, além de aumentar a intensidade e a frequência das dores, pode ainda mascarar e dificultar a identificação dos sintomas de doenças mais graves.
A dor de cabeça, assim como as dores abdominais ou lombares, é um sintoma que pode ter várias causas. Quando a cefaleia é primária, a dor é a própria doença, como no caso da enxaqueca. Quando é secundária, o sintoma pode ser parte de uma doença em desenvolvimento, como, por exemplo, um tumor cerebral. Por isso, é fundamental uma avaliação criteriosa do paciente, analisando o histórico de pelo menos cinco crises de dor com as mesmas características.
Terapias alternativas para a dor de cabeça crônica
Nesse sentido, é fundamental a busca de tratamentos multidisciplinares para o alívio dos sintomas das dores de cabeça crônica. Eles envolvem o uso de farmacológico, com drogas para modular no cérebro os mecanismos da dor; o processo de reeducação do paciente, com mudanças no estilo de vida para minimizar os fatores agravantes; e o acompanhamento por parte do médico, com o objetivo de gerenciar as expectativas do tratamento e orientar no que for necessário.
Outra alternativa eficaz, principalmente para os pacientes que já não respondem ao uso de remédios ou apresentam efeitos colaterais intensos a eles, é a técnica de estimulação magnética transcraniana (EMT). Estudos recentes mostram que o método tem uma eficácia comparável a dos tratamentos medicamentosos, e até superior a eles em alguns casos, com pelo menos 70% dos pacientes com bons resultados após as sessões da EMT. Ele estimula, ainda, determinadas partes do cérebro por meio da variação de um campo magnético, modificando e equilibrando atividades cerebrais.
Esses resultados apontam um futuro otimista em relação à técnica como uma opção de tratamento viável para o alívio das dores de cabeça crônica. Além de trazer mais efetividade do que os medicamentos geralmente prescritos, não causa nenhum tipo de efeito colateral. É também um procedimento seguro, o que é fundamental na busca por novas alternativas médicas.
No Brasil, a estimulação magnética é liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2006 e recomendada pelo Conselho Federal de Medicina para o tratamento de depressão e esquizofrenia desde 2012. No entanto, a utilidade terapêutica da técnica para outros transtornos neuropsiquiátricos já vem sendo apontada por especialistas em diversos artigos e pesquisas.
Prejuízos causados pela dor de cabeça crônica
A dor de cabeça crônica representa importante prejuízo social e econômico a milhões de pessoas em todo o mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), dores de cabeça, incluindo enxaquecas e tensões, afetam até 75% dos adultos entre 18 e 65 anos.
A OMS constatou ainda que o problema provoca impactos sociais e econômicos imensos. Somente nos Estados Unidos, a perda de produtividade causada pela doença custa mais de um bilhão de dólares ao ano. Porém, menos de 30% dos quem tem enxaqueca procuram médicos, enquanto menos de 2% chegam a consultar um especialista em cefaleias.