Quais os sintomas e a gravidade da depressão?
A depressão pode ser uma condição crônica, recorrente e tem alta prevalência na população, a Organização Mundial de Saúde estima que seja a quarta causa principal de afastamento funcional. No Brasil, estima-se que cerca de 16% das pessoas sofram com esse tipo de transtorno. Os transtornos depressivos são caracterizados inicialmente por humor deprimido ou perda de interesse e redução de prazer, somados à isso podem surgir os seguintes sintomas: mudança de peso corporal, alteração do sono, modificação do comportamento alimentar, mudança psicomotora, aumento de fadiga e perda de energia. Ainda há prejuízo das funções cognitivas, sensação de menos-valia ou culpa excessiva e a ideação suicida.
Quais os avanços científicos no tratamento para transtornos depressivos?
Psicoterapias como terapia cognitivo-comportamental (TCC) e psicoterapia interpessoal auxiliam no tratamento dessa condição. O último meio século foi marcado por avanços no tratamento de transtornos em saúde mental, especialmente em depressão. Houve o desenvolvimento de diversos medicamentos antidepressivos, como antidepressivos tricíclicos, inibidores seletivos da recaptação da serotonina e inibidores seletivos da recaptação de serotonina e noradrenalina .
As respostas aos medicamentos têm eficácia entre 50% e 70% em ensaios clínicos randomizados e controlados (ECRs). Das pessoas que não respondem ao tratamento, entre 10% e 30% mostram sintomas resistentes com dificuldades em atividades sociais, atividades ocupacionais e pensamentos suicidas. Geralmente esses pacientes resistentes respondem a combinação de antidepressivos com a estimulação magnética transcraniana ou neurofeedback. Todavia, recentes estudos também mostraram melhora de transtornos depressivos com uso de cetamina que tem efeitos antidepressivos rápidos em pessoas com depressão resistente ao tratamento.
Como é o tratamento para depressão com cetamina em Clínica de Saúde Mental?
O surgimento da terapia com cetamina intravenosa foi celebrado pelo National Institute of Mental Health como talvez o maior avanço no tratamento antidepressivo em décadas. Nos anos 2000, um primeiro relato da ação antidepressiva de uma dose subanestésica de cetamina ocorreu em poucas horas – ainda em experimento com pequena amostra de pacientes. Desde esse primeiro estudo dos efeitos antidepressivos das doses sub-anestésicas de cetamina, pesquisas confirmaram repetidamente os efeitos benéficos no transtorno depressivo maior, assim como em episódios agudos depressivos nos pacientes com transtornos bipolares.
As respostas antidepressivas da cetamina decorrem do aumento da liberação pré-sináptica de glutamato, com um aumento da sinalização celular no receptor glutamatérgico do tipo α-amino-3-hidroxi-5-metilisoxazol-4-ácidopropiônico (AMPA) relativo ao receptor N-metil-D-aspartato (NMDA). São dois fatores desse efeito antidepressivo que chamam a atenção: 1) pode se manifestar em minutos ou horas após a dissociação mental transitória que ocorre durante a intervenção, e; 2) isso ocorre principalmente em pacientes resistentes ao tratamento medicamentoso convencional.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) estabelece o uso de cetamina em protocolos de uso “off label”. A eficácia da cetamina, para haver diferença significativa na gravidade da depressão antes e após o tratamento, avaliada por escalas validadas de questionários sobre transtornos depressivos mostram resultados a favor da cetamina em comparação com grupos controle sem cetamina, com intervenções de 40 minutos por sessão durante 6-8 semanas. A maioria das pesquisas com a cetamina para depressão crônica e resistente ao tratamento utilizaram uma infusão intravenosa de 0,5 mg / kg durante cerca de 40 min.
Quais são os benefícios do tratamento com cetamina para transtornos depressivos?
- As pesquisas indicam que a cetamina proporciona melhora significativa em importantes sintomas depressivos, como a variação diurna do humor, a despersonalização e desrealização e, nos sintomas somáticos em geral. Por sua vez, há diminuição no escore total em avaliações da depressão. Esses resultados são bastante expressivos e promissores frente a um transtorno responsável por gerar inúmeras questões incapacidades ao paciente.
- Em relação aos pensamentos suicidas, ao analisar o uso de infusões únicas e repetidas de cetamina, ocorreu a redução dessas ideações em infusões única e repetida, com resposta positiva cumulativa com infusões repetidas três vezes por semana e manutenção dos efeitos da cetamina com infusões uma vez por semana.
- Diversas pesquisas com cetamina demonstraram que a cetamina melhorou o sono REM – momento do sono em que ocorrem movimentos rápidos dos olhos – e aumentou os níveis de fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), uma proteína sináptica associada fortemente com a atividade de ondas lentas, o que melhora a plasticidade sináptica mediada pelo BDNF, além dos próprios sintomas depressivos. O tratamento também mostrou melhorar o sistema circadiano. Em outras palavras, a cetamina melhora o ritmo circadiano, que é o mecanismo pelo qual o organismo se regula entre dia e noite.
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