A psilocibina (4-phosphoryloxy-N,N-dimethyltryptamine) é um alcalóideindólico do grupo das triptaminas alucinógenas. Essa substância é produzida, principalmente, por fungos do gênero Psilocybe, que são amplamente encontrados ao redor do mundo, sendo mais comumente encontrada a espécie Psilocybe cubensis. Certas espécies, como o P. cubensis, podem ter evoluído a capacidade de sintetizar psilocibina para defesa contra certos insetos fungívoros, visto que apresenta certa toxicidade para artrópodes. Sendo um pró-fármaco, quando ingerida por humanos, a psilocibina é desfosforilada pelo metabolismo hepático em psilocina, o real princípio ativo psicotrópico, e quantidades significativas de psilocibina e psilocina podem ser encontradas no plasma sanguíneo entre 20 e 40 minutos após o consumo, de estômago vazio. A psilocina é uma substância análoga à serotonina e age como um agonista dos receptores de serotonina 5-HT, pode causar efeitos psíquicos (estados alterados de consciência, sinestesias, aumento de introspecção e experiências hipnagógicas) e somáticos (midríase, piloereção e irregularidades no sistema cardiorrespiratório).
O que a psilocibina mostra de efeito na área da saúde mental e neurologia?
A Psilocibina tem sido objeto de pesquisas médicas desde a década de 1960, quando os médicos e cientistas estadounidenses, como referido, Leary e Alpert coordenavam o Projeto Psilocibina da Universidade de Harvard, onde conduziram vários experimentos para avaliar o valor terapêutico da psilocibina no tratamento de condições psiquiátricas, como os transtornos de personalidade, ou para averiguar se psilocibina melhorava os resultados positivos da psicoterapia.
Na primeira década deste milênio (anos 2000s), renovou-se o interesse na pesquisa médica destes cogumelos e do uso de certos remédios psicodélicos com fins de aplicações clínicas, farmacêuticas e hospitalares, como o alívio da ansiedade crônica, depressão clínica, e vários tipos de dependências sofridas por adictos.[20] Em 2008, a equipe de pesquisa médica da respeitada Universidade de Medicina de Johns Hopkins, EUA, publicou uma lista de recomendações para a condução responsável de pesquisa médica em testes com psilocibina e outros alucinógenos em humanos. Um estudo de 2010 sobre os efeitos de curto e longo prazo da psilocibina em ambientes clínicos concluiu que, apesar de um pequeno risco de reações emocionais agudas temporárias, como a ansiedade ou o pânico, “a administração de doses moderadas de psilocibina em pacientes saudáveis e capazes de cuidar-se de si mesmos, dentro de um contexto de um ambiente monitorado, demonstra um nível aceitável de risco.”
No primeiro estudo clínico da psilocibina aprovado pela Administração de Remédios e Comidas dos Estados Unidos [U.S.A. Food and Drug Administration (FDA)] desde 1970—conduzido por Francisco Moreno na Universidade de Arizona e apoiado pela Associação de Estudos Psicodélicos Multidisciplinários—estudaram-se os efeitos da psilocibina em pacientes com distúrbio ou transtorno obsessivo–compulsivo, comumente conhecidos como T.O.C. ou “toques”. O estudo piloto constatou que, quando administrada por profissionais médicos em um ambiente clínico, o uso da psilocibina demonstra uma redução substancial de sintomas do transtorno obsessivo-compulsivo na maioria dos pacientes. Tal efeito é causado porque a psilocibina é capaz de reduzir os níveis de receptores 5-HT2A, resultando em menor reatividade a serotonina. Psicoterapia assistida por psilocibina para o tratamento da depressão está sendo pesquisada. Em 2018, a Food and Drug Administration (FDA) concedeu a Designação de Breakthrough Therapy para terapia assistida por psilocibina para depressão resistente ao tratamento e em 2019 para transtorno depressivo maior. Psilocibina também mostra-se bastante promissora em aliviar as dores insuportáveis causadas pelas debilitantes enxaquecas crônicas (cefaleia histamínica ou cefaleia em salvas), consideradas “uma das piores síndromes de dor que afetam a humanidade.” Em um estudo de 2006, mais da metade dos pacientes com cefaleia histamínica confirmaram que a psilocibina abortou so ataque de dores; a grande maioria dos pacientes afirmaram que depois de tomá-la, entraram em perídos longos de remissão em que não sofreram dores nem ataques. Uma análises de tratamentos alternativos para dores de cabeça, feito em 2011, concluiu que a psilocibina merece mais pesquisa como um remédio para o alívio da enxaqueca crônica (cefaleia histamínica)—também ressaltou-se que a dosagem eficaz é subhalucinógena, ou seja, em tão pouca quantidade que o paciente se mantêm lúcido. Nenhum outro medicamento existe no mercado para tratar ou eliminar os ciclos de enxaquecas crônicas.
Muitos estudos atuais pesquisaram o alívio do sofrimento psicológico que a psilocibina oferece a pacientes em estágios terminais de câncer. Resultados indicam que uma dose baixa de psilocibina melhora o ânimo e reduz a ansiedade dos pacientes com câncer avançado; tais efeitos duram entre duas semanas e seis meses.
A psilocibina causa dependência?
A psilocibina e psilocina não causam vício ou dependência, por não interagirem com o sistema de recompensa dopaminérgico. Novas estratégias farmacológicas de tratamento para Transtornos de Abuso de Substância têm tido como alvo o craving ou “fissura”, que se caracteriza, de forma bem simplificada, pelo desejo intenso do uso da substância. O grupo dos psicodélicos alucinógenos, como a psilocina, podem ter efeito de anti-craving e já foi comprovado que possuem a capacidade de aliviar os sintomas de dependência de álcool e tabaco. A psilocina pode gerar certa tolerância, havendo, também, tolerância cruzada entre o LSD e a psilocina.
Qual a toxicidade da psilocibina?
A toxicidade da psilocibina é baixa. Em ratos, a dose média letal (LD50) quando administrada oralmente é de 280miligramas por kilograma (mg/kg), aproximadamente uma vez e meia a da cafeína. Quando a administração endovenosa em coelhos, a LD50 da psilocibina é de aproximadamente 12.5 mg/kg. A psilocibina representa aproximadamente 1% do peso dos cogumelos Psilocybe cubensis, assim 1.7 kg de cogumelos secos ou 17 kg de cogumelos frescos seriam necessários para uma pessoa de 60Kg alcançar as 280 mg/kg necessárias para uma overdose. Baseado nos resultados com estudos em animais, a dose letal da psilocibina é considerada 6g, 1000 vezes maior do que sua dose efetiva de 6 milligramas.
Como funciona a terapia com psilocibina?
No Brasil a terapia com psilocibina assistida por psicoterapeuta ainda não é legalizada. Todavia, o Brasil tem grande relevância em estudos com esses princípios ativos. Um dos expoentes do movimento é o prof. Dr. Eduardo Schenberg, fundador e diretor-presidente do Instituto Phaneros.
Fonte: wikipédia
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