John Forbes Nash, aos 21 anos, foi considerado um gênio precoce da matemática. Ao completar a tese de doutorado em 1949, sobre a Teoria dos Jogos, revolucionou a economia em estratégias de jogadores realizadas de maneira racional por interação entre ação e contexto. Na década de 70, essa mesma teoria foi utilizada em estudos do comportamento animal. Ganhador do Prêmio Nobel, Nash, ainda aos 30 anos, começou a ouvir vozes e fragmentar seu contato com a realidade. Foi internado em um hospital psiquiátrico com o diagnóstico de esquizofrenia. Antes de sua morte em 2015, John relatou “Eu me sentia perseguido. Achava que o presidente, o papa e outras pessoas conspiravam contra mim”. Para quem quiser saber mais sobre essa história fascinante, o filme “Uma Mente Brilhante” mostra com detalhes como John Forbes Nash conseguiu vencer a doença.
A esquizofrenia é um transtorno mental caracterizado pela incapacidade de distinguir o que é ou não real, sendo que delírios, pensamentos confusos, alucinações auditivas e diminuição da interação social são sintomas frequentes desse distúrbio. As causas são genéticas e ambientais e quando aparece as relações sociais são abaladas. 70 milhões de pessoas ao redor do mundo sofrem com esse transtorno que, apesar de não ter cura, pode ser tratado. Atualmente, os medicamentos são eficazes e tratamentos adjacentes, como a estimulação magnética transcraniana podem ser utilizados. Diversos estudos já demonstraram que a aplicação da estimulação magnética transcraniana a 1 Hz no córtex temporal pode diminuir as alucinações auditivas. Porém, poucas pessoas procuram esse tipo de tratamento adjacente porque familiares e responsáveis muitas vezes não sabem como lidar com a doença, nem o que se passa pela cabeça do paciente.
Quem tem o transtorno frequentemente é tomado por delírios, os quais são pensamentos intensos. Mas o paciente também pode mostrar alucinações, ou seja, percepções irreais dos órgãos dos sentidos, inclusive a visualização de situações, pessoas e outros fatores não reais. Porém as mais típicas são as aditivas, os pacientes relatam ouvir vozes quando estão sozinhos e, com grande frequência, afirma estar sendo perseguidos ou vigiados por organizações secretas, ETs, máfia, grupos radicais, entre outros. Outras pessoas suspeitam que o telefone está grampeado, que a televisão e o rádio enviam mensagens e que o telejornal está falando sobre elas. Esses exemplos são nomeados interpretação delirante. – Fazem parte dos sintomas positivos de esquizofrenia, uma vez que ficam mais intensos nas crises e surtos psicóticos, intercalados por momentos de remissão. Já os sintomas negativos são associados com apatia, isolamento social, desesperança e diminuição da expressão de emoções. Tanto que a taxa de suicídio entre pessoas que têm esquizofrenia é elevado, quando comparado com a população.
Mas quando começa a esquizofrenia? Já no útero, o feto começa a alteração neurodesenvolvimental. Isso aumenta na infância e juventude, até o aparecimento dos sintomas, a maior parte das crises acontecem por causa do desenvolvimento cerebral atípico, o que traz a terapia com estimulação magnética como um interessante recurso para provocar uma nova neuromodulação. Pois a esquizofrenia gera um desequilíbrio nos neurotransmissores, ou seja, nas substâncias que enviam mensagens entre os neurônios. Em um exemplo prático, Grisaru e colaboradores mostraram um caso de uma paciente jovem com história de um episódio psicótico agudo. Três dias antes da internação, ela tinha parado de comer, de beber e de falar. Na admissão, estava com estupor, obediência automática, mutismo, negativismo, rigidez e flexibilidade cérea. Após 15 dias de tratamento com a dose máxima que ela podia tolerar do medicamento (3 mg/dia), não houve melhora. Após isso, a estimulação magnética foi utilizada no córtex pré-frontal direito. Depois de 24 horas do tratamento, já houve melhora, ao longo do tratamento, ocorreu desaparecimento do estupor, do automatismo e da rigidez. Ela passou a cuidar da higiene pessoal, a participar das atividades da enfermaria e a cooperar com os médicos e familiares. O número de pesquisas nesse assunto é crescente e a estimulação magnética transcraniana tem mostrado cada vez mais efeitos positivos com o avançar das investigações.
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