O que é Doença de Parkinson?
A Doença de Parkinson (DP) foi descrita pela primeira vez em 1817 pelo Dr James Parkinson, nomeada de “paralisia agitante” É uma doença degenerativa e crônica, com patogenia no sistema nervoso central (SNC). Envolve os gânglios da base e é causada pela deficiência da dopamina – neurotransmissor – na via nigroestriatal e cortical, o que interfere no sistema motor. Estima-se que a DP acometa ~1% da população mundial acima de 65 anos, isso representa 2/3 dos pacientes que frequentam clínicas especializadas em DP.
O que é parkinsonismo?
O parkinsonismo corresponde a uma série de alterações funcionais, decorrentes de disfunções nos gânglios basais, relacionadas ao controle motor,
repercutindo por meio de sinais e sintomas como tremor de repouso, rigidez, bradicinesia, alterações posturais e freezing (bloqueio motor). O parkinsonismo pode ser dividido em primário ou idiopático, secundário e plus.
O parkinsonismo idiopático corresponde a 75% dos casos, é a DP em si. O parkinsonismo primário divide-se ainda em: parkinsonismo juvenil (antes dos 21 anos), parkinsonismo de início precoce (entre 21 e 40 anos de idade), DP com tremor predominante (DP benigna) e DP com instabilidade postural e distúrbios de marcha (DP maligna). No parkinsonismo secundário há uma causa específica ou reconhecida por condições suspeitas, como infecções, medicamentos, hidrocefalia, acidentes traumáticos, neoplasias e condições hereditárias.
Diagnóstico de Parkinson
O diagnóstico da Doença de Parkinson deve ser realizado pelo Neurologista em exame clínico. A análise de medicamentos utilizados, tremor em repouso, bradicinesia e rigidez, faz com que o médico peça exames como: eletro encefalograma, tomografia computadorizada, ressonância magnética e análise do líquido espinhal. O diagnóstico só passa a ser confirmado se houver a presença de 3 dos sintomas da DP. Pacientes que sofreram casos de Acidente Vascular Encefálico (AVE), encefalites e traumatismo não são diagnóstico de DP. Deve-se, ainda, verificar a possibilidade de Doença de Wilson, doença de Huntington, neuroacantocitose ou atrofia multissistêmica, que mostram sintomas de parkinsonismo.
O tratamento fisioterapêutico na Doença de Parkinson
A fisioterapia realiza não só reeducação e manutenção de práticas físicas sistemáticas, como auxilia nos problemas posturais, nas deformidades e em alterações da marcha. Incluem-se Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC) ao mesmo tempo em que o paciente realiza exercícios passivos e ativos, treinamentos da caminhada, desenvolvimento de atividades ocupacionais diárias, calor, gelo, estimulação elétrica muscular entre outros inúmeros tratamentos particulares para DP.
A diminuição da amplitude torácica é fator determinante das alterações respiratórias restritivas dos parkinsonianos. isso limita a elevação das estruturas do tórax e a expansão pulmonar. Dessa forma, o programa de fisioterapia respiratória é essecial ao aumento da amplitude torácica, o que promove a melhora da função respiratória e da capacidade funcional.
A coordenação motora, com a evolução da DP, fica comprometida. Isso faz com que o paciente diminua sua funcionalidade e autonomia em atividades diárias, o que pode gerar uma atrofia muscular. Com o exercício, o aumento da mobilidade pode de fato modificar a progressão da doença e impedir contraturas, além de ajudar a retardar a DP. A reeducação postural, atividades com ETCC e a manutenção de prática física sistemática são os principais focos da atuação fisioterapêutica no tratamento da DP. Os exercícios realizados visam à manutenção da atividade muscular e flexibilidade. Sem exercícios físicos, os músculos se atrofiam com a rigidez típica do parkinsoniano.
Os recursos mais utilizados pelo fisioterapeuta são: 1. cinesioterapia – enffase em movimentos extensores, adutores e rotatórios, 2. bolas Suíça –
reabilitação para posturas anormais e problemas neurológicos, 3. RPG – reeducação postural global, 5. Reeducação Neuroproprioceptiva, que consiste num recurso terapêutico cinético que utiliza o estímulo da sensibilidade para aumentar a força, sensibilidade e coordenação, método Kabat, Fisioterapia Respiratória – perda de flexibilidade da musculatura do sistema respiratório. Junto ao tratamento fisioterapêutico, o tratamento terapêutico ocupacional melhora as funções musculares e articulares de pacientes com DP, objetiva atingir o grau máximo de independência do paciente, e 7 Neurofisioterapia – que combina estímulos por ETCC e EMT ao trabalho realizado pelo fisioterapeuta para promover facilitação de potencial de ação cerebral, equanto ocorre o estímulo neurológico durante as tarefas designadas no tratamento.
O tratamento fonoaudiológico na Doença de Parkinson
A Fonoaudiologia no tratamento de DP é essencial para voz, articulação e deglutição, compondo a disartrofonia hipocinética, caracterizando-se pela monotonia e diminuição da intensidade da voz, articulação imprecisa e distúrbios do ritmo. Elas são representativas articularmente de dois sinais cardinais da doença, a rigidez e a bradicinesia.
Os sinais clínicos da DP estão também localizados nas estruturas orais, interferem na fala e na alimentação e geram dificuldades para realizar certos movimentos com a língua e os lábios, por exemplo, o movimento de estalar. O tratamento fonoaudiológico envolve três abordagens: mioterapia, coordenação das estruturas da voz e da fala e respiração. Um dos principais tratamentos propostos ao parkinsoniano é o LSVT – Lee Silverman Voice Treatment. O objetivo essencial desse método é aumentar a intensidade vocal por meio do incremento do esforço fonatório e, consequentemente, respiratório.
O tratamento psicológico na Doença de Parkinson
Os fatores emocionais têm forte influência no tratamento da DP tanto para o paciente quanto para familiares e cuidadores. O diagnóstico da DP é marcante, pois além de aprender a lidar com os aspectos físicos da doença, deve estar preparado emocionalmente para rotina de tratamento. É comum pacientes com DP entrarem em conflitos emocionais e em fases de depressão. Cerca de 40% dos portadores de DP mostram depressão, o que ocorre de forma bimodal, ou seja, no início e final da doença. O tratamento por psiquiatra, psicoterapia e neurofeedback da depressão tem impacto positivo na DP, principalmente sobre o desempenho cognitivo, pois paciente com DP com depressão tem grande tendência a sofrer outros transtornos cognitivos. Pessoas que sofrem de depressão também possuem 3x mais chances de desenvolver a DP.
Tratamento nutricional em Parkinson
A nutrição no tratamento da DP tem por função auxiliar a reduzir efeitos secundários da sintomatologia presente – ocorre perda de peso involuntário, dificuldade de mastigação e até desnutrição. São necessários cuidados nutricionais específicos e a dieta do paciente deve ser elaborada para manutenção do peso, ingestão de proteínas adequadas, devido à interação farmacológica entre os medicamentos dopaminérgicos e à quantidade excessiva de proteínas, prevenção do controle de constipação, devido à musculatura fraca dos intestinos, e adaptação do paciente que mostrar problemas com as mãos e posturais.