Quando falamos sobre desempenho no esporte por estimulação cerebral, é importante voltar na história para compreender como isso começou. No início do século XIX, Faraday observou que um campo magnético variável produz um campo elétrico. Em 1982, Polson, Barker e Freeston produziram o primeiro estimulador magnético capaz de estimulação do nervo periférico e, em 1985, Barker e Freeston foram os primeiros a descrever estimulação magnética do córtex motor humano.
Essas observações levaram ao desenvolvimento de estimulação magnética transcraniana (EMT).
Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) para avaliação de Potencial Evocado Motor
Com a EMT, um campo magnético realiza uma rápida mudança na atividade elétrica cerebral através de uma bobina sobre o couro cabeludo o que induz correntes que excitam o tecido neural subjacente. Estas correntes causam atividade em partes específicas do cérebro, com mínimo desconforto, permitindo modificação em funções neurais e interconexões. A capacidade da EMT de estimular neurônios profundos em suas estruturas, como o córtex motor, permite que pesquisadores verifiquem a integridade entre as estruturas que conectam o cérebro para via muscular e a funcionalidade cortical dessas redes nervosas através de exames como o Potencial Evocado Motor (PEM). Algumas pesquisas na área esportiva já possibilitaram o uso do PEM para verificação da existência de overtraining e fadiga específica, além da alteração de sinais associada com a prática de atividades esportivas específicas, como no caso do Karate.
EMT e ETCC para melhora de desempenho no esporte
O desempenho do exercício é influenciado por vários fatores físicos, fisiológicos e psicológicos. Particularmente no contexto esportivo, sempre houve uma buscam ajuda ergogênica para melhorar o desempenho, com alguns atletas usando até mesmo drogas ilegais medicamentos para esse fim. Nos últimos anos, o foco mudou para o cérebro e como ele poderia melhorar o desempenho. Muitos estudos mostraram que o cérebro desempenha um papel fundamental papel no estabelecimento da fadiga e, portanto, no desempenho do exercício. Nisso vários métodos modificadores de desempenho de ação central demonstraram influenciar desempenho do exercício, como a estimulação magnética transcraniana e a estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC ou tDCS).
Por exemplo, a estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC ou tDCS) é uma técnica que recebe a atenção devido ao seu potencial impacto na atividade cerebral em indivíduos saudáveis, bem como populações de pacientes. A tDCS é um dispositivo não invasivo, portátil, fácil de usar, seguro, bem tolerada e econômica, na qual uma corrente contínua elétrica fraca (até 2 mA por dezenas de minutos) é aplicada no couro cabeludo com a intenção de modular a excitabilidade cortical. Classicamente, a colocação do eletrodo ânodo aumenta a excitabilidade neuronal, induzindo a plasticidade, enquanto a colocação do cátodo tem efeitos opostos.
Alguns países estão aplicando em atletas de alto rendimento a ETCC, especialmente, quando se trata de competições importantes, como os Jogos Olímpicos. Uma recence revisão sistemática com metanálise incluiu 22 estudos com 393 participantes examinando os efeitos da ETCC no desempenho do exercício. Para os protocolos testados, encontramos evidência de um efeito significativo a favor do a-tDCS aplicado em testes sobre uma região chamada de M1 no TTE no ciclismo. Por sua vez, outras pesquisas apontam resultados efetivos para melhora de concentração, atenção, desempenho cognitivo e em valores de testes máximos de força e potência, assim como para redução de percepção de dor e esforço associado ao exercício.
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