O que é e como surgiu a Terapia Gestalt?
A Gestalt-terapia ou Abordagem Gestáltica, foi criada por Friedrich Salomon Perls (Fritz) e Lore Posner Perls (Laura). Fritz, na década de 40 tem uma ruptura com a psicanálise em relação dialógica com um atendimento com singularidade. No final da década de 60, durante o movimento humanista ocorre um desenvolvimento maior dessa linha , porque ocorreu um boom do movimento existencial humanista. Fritz, nessa época é apelidado de “pai dos hippies” e concretiza duas concepções principais: 1. o Ser humano surge para construir e 2. O ser humano tem habilidade para responder pelas próprias ações e ser ator da própria história.
A Gestalt é uma terapia sob olhar fenomenológico existencial, concebida ao longo da primeira metade do século XX, porém com desenvolvimento maior ao longo da década de 70. Naquela época, estava surgindo a “3º Força” – a Psicologia Humanista. Em caminho diferente do Behaviorismo e da Psicanálise – denominados como 1º e 2º forças, respectivamente. Achados apontam a chegada da Gestalt Terapia ao Brasil em 1972, através da publicação do artigo de Thérèse Amelie Tellegen intitulado “Elementos de Psicoterapia Guestáltica”, no Boletim de Psicologia de São Paulo. A Gestalt terapia conferia nesse instante ao homem a condição de sujeito e não de objeto de pesquisa. Seria o ser humano livre e responsável por suas escolhas. Nessa perspectiva, surgiu a Gestalt terapia, como um dos exponentes do movimento, sobre os pilares do existencialismo, da fenomenologia e do humanismo, enfatizando o autoconhecimento, satisfação, autossuporte e crescimento pessoal, vendo o ser humano com capacidade de se autogerir, de se autorregular.
Gestalt é uma palavra alemã, traduzida como “configuração” em significado de totalidade da realidade em si. O sentido da experiência está em como os elementos da mesma estão configurados em um todo significativo.
Como a Gestalt vê o ser humano?
Para a Gestalt terapia o ser humano é um Ser de escolha. Ao se dar conta de que a existência é construída por si mesmo e pelas próprias escolhas, se estabelece a noção de responsabilidade: de “personagem” ou ator, o ser humano passa a ser protagonista da própria história, livre a cada momento para tomar decisões e trilhar o caminho escolhido. Concebe o ser humano com dimensões biopsicossociais e espirituais, não como um somatório de aspectos, mas como um todo, um evento que se configura a cada momento em processo contínuo de interação ambiente organismo.
Como funciona a psicoterapia em Gestalt terapia?
A Gestalt terapia trabalha sob método fenomenológico. A Gestalt é diferenciada em Figura e Fundo e a relação entre a Figura e o Fundo é chamada de significado. Nessa relação, o Eu é um símbolo de identificação. Nessa linha, o psicólogo capta o significado das situações vivenciadas no cotidiano e parte do pressuposto de que a realidade é sempre para uma determinada consciência que prioriza expectativa e pressuposições em atitude de abertura para que as significações da relação cliente-psicoterapeuta possam ser fiéis ao fenômeno. Essa atitude é chamada de epochè. Descreve e não interpreta o que ocorre. Inicialmente, trata conteúdos trazidos pelo cliente com a mesma importância. Enfatiza o que ocorre e como ocorre, ajuda a pessoa a mergulhar na própria experiência para buscar a intencionalidade da consciência – a finalidade – ou o motivo do seu comportamento. Pra ser um Gestalt terapeuta precisa-se, antes de mais nada, estar disponível para o outro como ser humano. A partir da interação, a Gestalt faz um convite para tomada de decisão e traz “contratos” ou “autorizações” do que o outro faz comigo como um “convite ao imaginar”.
Em termos de técnicas de manejo, promove diálogos e métodos similares aos existentes em outras linhas, como o psicodrama e a técnica da cadeira vazia da TCC. Durante manejos, o o olhar da Gestalt sobre a concepção de ser humano implica em mostrar e trazer concepções do que é o Ser para essa linha: i) ser livre para escolher; ii) hábil em responder pelas escolhas que faz; iii) único; iv) ser-no-mundo; v) ser repleto de potenciais; vi) em constante devir, e; vii) UNO. Considera, então, não somente o discurso, como o corpo, comportamentos e todas as manifestações de dimensões sensoriais (a visão, o olfato, o paladar, a audição e o tato, afetivas, cognitivas, sociais e espirituais, para alcançar a totalidade e a singularidade da relação da pessoa consigo mesma e com o mundo, visa alcançar o sentido do viver. A partir disso, cria consciência para autossuporte – nessa perspectiva, por exemplo, o sintoma não é um algoz e sim um porta-voz do que possa estar ocorrendo. Através do método fenomenológico tenta compreender quais são as alterações, as associações e as respostas que ocorrem como conscientização das próprias escolas que podem ser em situações desconhecidas, imprevisíveis ou conhecidas, previsíveis. Nessa ótica de concepção sistêmica não traz uma concepção de identidade fechada. A Gestalt terapia é organísmica, preconiza autorregulação e homeostase, no sentido de buscar equilíbrio de modo psíquico e dinâmico com ajustamento criativo e hierarquia da necessidade.
Quais são as leis da Gestalt?
Lei Universal – a Gestalt investiga como a percepção em relação ao modo como vemos algo em totalidade antes de notar as partes individuais.
- Unidade – percepção de que algo pode ser notado a partir de uma única parte ou várias partes que formariam o todo.
- Segregação – é oposta à unidade – é a capacidade de olhar um único objeto e isolar cada uma das partes.
- Semelhança – traz a concepção de que objetos semelhantes se agrupam.
- Agrupamento/ aproximação
- Unificação
- Continuidade
- Pregnância (Simplicidade) – é a medida do nível de facilidade que identificamos algo. Caso identifiquemos algo com facilidade esse objeto possuí um algo grau de pregnância.
- Fechamento (preenchimento) – quando vemos uma forma incompleta e tendemos à fechá-la.