Essa semana uma notícia chocou o Brasil: L.M. foi acusado de empurrar a mulher do 4o andar. L. utilizava esteroides e conta que o uso desse hormônio aumentou a própria agressividade sem controle. Mas, o que levou Luis e outros inúmeros jovens a utilização de anabolizantes?
A busca pela perfeição nos ideais de beleza instituídos pelos meios de comunicação, fatores políticos, psicológicos e até sociais podem estar ligados aos desejos narcísicos de sentir-se amado e integrado em um determinado grupo. Associado com essa busca por um corpo perfeito, diversos homens e mulheres praticantes de musculação utilizam abusivamente anabolizantes em uma tentativa de reduzir o desconforto sobre o próprio corpo. Esse incomodo elevado com o próprio corpo afeta quase 3% da população. Isto é, 3 pessoas em 100 sofrem com a dismorfia muscular o que, consequentemente, pode levá-los ao uso de anabolizantes e outros meios extremos para melhorar a própria imagem (cirúrgica plástica, uso de anfetaminas, etc). Essa obsessão muitas vezes faz com que quantidades elevadas de anabolizantes sejam ingeridas e que haja aumento na agressividade, com elevada sensação de confiança. Porém, o anabolizante não altera padrões de personalidade – potencializa aquele(a) que já possui tendencias agressivas. Com a interrupção do uso prolongado poderá ocorrer depressão e, existem alguns casos de suicídio.
Um estudo publicado na JAMA indica que a percepção de beleza está fortemente associada com as selfies de amigos e pessoas famosas editadas em aplicativos. Quem sofre de dismorfia sente-se extremamente desconfortável com a própria imagem e gasta tempo e dinheiro com academia, cosméticos e qualquer coisa que possa melhorar a autoimagem. O indivíduo com transtorno de dismorfia corporal mostra pensamentos obsessivos em relação aos falsos defeitos e isso pode estar associado com comportamentos compulsivos ritualísticos, por exemplo: frequentemente verificar partes do corpo e/ou olhar-se no espelho durante horas do dia. A dismorfia é muito similar ao TOC (transtorno obsessivo compulsivo) e, em realidade, diversos pesquisadores associam tal patologia com espectro obsessivo compulsivo. Terapia e tratamentos neurológicos podem auxiliar na redução do transtorno dismórfico corporal e, consequentemente, na redução da agressão e insatisfação associados com essa patologia e ao uso de esteroides anabólicos.