D. Pedro I foi o personagem principal da Independência do Brasil, visto como um anti-herói que desde criança era tido como frenético e efusivo, alguém que os médicos provavelmente diagnosticariam como hiperativo, segundo a pesquisadora Isabel Lustosa. Além disso, D. Pedro era epilético, assim como os grandes escritores Machado de Assis e Dostoiévski. Algumas pesquisas históricas indicam que tinha em média três crises epilépticas por dia. Não se sabe ao certo como D. Pedro começou a ter epilepsia. Em geral, a epilepsia pode ser primária, ou seja, a própria doença ou sintomas de lesões cerebrais, AVC, tumores, em caso de toxicodependência e de alcoolismo.
As crises de D. Pedro, assim como de outras pessoas, acontecem porque existe uma atividade anormal e excessiva das células do sistema nervoso central. Essas crises poderiam levar à tremores, distúrbios sensoriais, mal estar, palpitação até ao enrijecimento do corpo, grunhidos, movimentação de braços e pernas involuntariamente e salivação espumosa. Não só D. Pedro, como cerca de 1% da população mundial tem epilepsia, mas faz 100 anos, aproximadamente, que os medicamentos à base de brometos auxiliaram no controle da doença.
Esse diagnóstico pode ser confundido pelos religiosos por possessão demoníaca, mas na verdade, isso é uma estigmatização e discriminação advinda da era Medieval (400 – 1600) – momento em que crenças religiosas associavam convulsões com possessão ou bruxaria. Outra confusão é associar o diagnóstico com desmaios (síncope vasovagal). Por isso, hoje em dia, para confirmar a epilepsia é necessário fazer avaliações precisas com um neurologista.
A epilepsia não tem cura, mas 70% dos casos são controlados por medicamento e, para aqueles que não respondem ao remédio, a estimulação magnética transcraniana é uma alternativa positiva para o tratamento, assim como cirurgia e alterações na dieta.
A Liga Internacional contra Epilepsia (ILAE) criou a campanha global contra epilepsia que visa aumentar a consciência e o auxílio pública e profissional dessa doença, ao passo que a Liga promove educação sobre a epilepsia para um novo nível de aceitação pública. Assim como D. Pedro, que foi considerado uma figura importante que auxiliou na propagação de novos ideais, os quais permitiram que o Brasil deixasse de ter regime absolutista para formas mais representativas de governo, outras pessoas com o mesmo desafio podem se destacar historicamente.