“Passei 52 horas sem vomitar” essa e outras frases foram descritas por Charles Darwin, o criador da teoria da seleção natural, em discussões sobre seu transtorno de ansiedade e de como isso influenciava seu estado de saúde. Ele escreveu em mais de 400 cartas sobre mal estar, espasmo muscular, vômitos, calafrios, enjoos, alteração de visão, formação de gases intestinais e distensão abdominal – tudo consequente da própria ansiedade. Naquela época não se tinha a concepção formada de ansiedade, porém foram tantas informações minuciosamente descritas que o diagnóstico de transtorno de ansiedade ocorreu após sua morte.
Interessantemente, as teorias de Darwin exerceram forte influencia sobre a formulação teórica de Freud do conceito de ansiedade como uma reação adaptativa a situações de perigo. Na verdade, essa teoria psicanalítica apresenta muitas semelhanças com o que foi discutido por Darwin no estudo “A expressão das emoções no homem e nos animais”, de 1872. Para Darwin, entender a si, trouxe grandes contribuições para ciência, pois ele indica que o valor adaptativo da ansiedade encontra-se no fato dessa emoção ter uma função biológica a cumprir. Em Freud, o transtorno de ansiedade é adaptativo não apenas para lidar com o perigo, mas também por auxiliar na detecção antecipada de possíveis estados de perigo.
Atualmente, os transtornos de ansiedade atingem entre 15% e 25% da população. No entanto, muitas vezes o transtorno de ansiedade não é identificado. Por isso, raramente recebem tratamento. Esse transtorno é dividido em vários tipos – transtorno de ansiedade generalizada, ataques de pânico e síndrome do pânico e transtornos fóbicos específicos. A angústia mental que acontece após vivenciar eventos traumáticos as vezes são associados com a ansiedade, mas, atualmente, são chamados de transtornos relacionados com trauma e estresse e incluem estresse agudo e pós-traumático.
O grande desafio de quem está ansioso é ter os efeitos da ansiedade sobre o desempenho no trabalho ou em atividades que se predispõe a fazer. Quando o nível de ansiedade aumenta ao ponto de se estar em estado de alerta, ela pode ajudar no desempenho, mas quando extrapola esse “ponto ótimo” e eleva demais seus níveis, a eficiência no desempenho reduz, pois a angústia entre outros sintomas passam a prejudicar o desempenho. As causas vão desde fatores genéticos, doença física até a constituição psicológica e os fatores ambientais vivenciados por esse paciente. O grande risco do transtorno de ansiedade é seu aumento súbito que pode gerar crises de pânico, em minutos ou até mesmo dias. Durante essas crises é possível que haja falta de ar, aumento de frequência cardíaca e tontura. Algumas pessoas também desenvolvem a ansiedade em comorbidade com outras doenças.