Afinal, o que houve com aquele garoto simpático, de rosto lindo, que tornou a infância de muitas pessoas marcada pelo filme “Esqueceram de mim”? Macaulay Culkin no auge de sua fama, era considerado um dos atores infantis mais bem sucedidos da história, com 14 filmes entre 1988 e 1994, momento em que parou de atuar, aos 14 anos de idade. O astro ficou anos recluso e com poucas aparições. Macaulay, recentemente desabafou sobre os abusos que sofria durante a infância pelo seu pai e ex-empresário, Kit Culkin, “Ele era um homem mau, era abusivo, fisicamente e mentalmente, eu posso mostrar as minhas cicatrizes caso você queira ver”, disse Culkin. O astro ainda revelou ameaças constantes que sofria. O pai dizia, ‘Faça direito ou vou te bater’”, contou Macaulay. Após a separação, em 2007, foi preso por porte de maconha.
A dependência química é definida como um distúrbio complexo e multifatorial. Atualmente, cerca de 20,3 milhões de adultos têm transtorno de dependência por substâncias, o que representa 8,5% da população mundial. Estima-se que nos EUA que cerca de 25% da população mostra envolvimento com alguma forma de comportamento aditivo ao longo da vida e isso causa impactos sócio-econômicos sérios.
Mas, como alguém se torna depende químico? As substâncias psicoativas, durante e após a utilização, se direcionam para um circuito de recompensa cerebral mediado pelo sistema mesocórtico límbico dopaminérgico e suas projeções. Consequentemente, a partir da área tegmentar ventral emergem projeções para o nucleus accumbens e para o córtex pré-frontal. Isso está diretamente relacionado com a sensação do prazer, de bem estar e euforia que a pessoa sente. Porém, como saber se é dependente? Neurologistas utilizam diversos recursos para verificar isso, os critérios utilizados para diagnóstico são associados principalmente com a tolerância, acontecimentos de síndrome de abstinência, evitação da abstinência com o aumento do consumo, a relevância que tal consumo mostra e até mesmo o empobrecimento do repertório de reinstalação da síndrome de abstinência.
Diversas vezes o dependente químico deseja não utilizar as substâncias, mas ele passa pelo processo de craving ou fissura. Isto é, pelo impulso incontrolável de consumir substâncias, que é muitas vezes acompanhado por ansiedade intensa, disforia, irritabilidade, nervosismo, comportamento impulsivo ou explosivo. Este sintoma geralmente é o responsável por levar o indivíduo a uma recaída e a perder o controle sobre o consumo destas substâncias.
Diferentes pesquisas indicam que as bases neurobiológicas do craving estão associadas com o córtex pré-frontal dorsolateral, tanto o direito quanto o esquerdo. Um estudo realizado com a realização de uma sessão de estimulação magnética transcraniana para avaliar o craving mostrou que haveria diminuição do craving, quando o anodo estava posicionado no córtex pré-frontal dorsolateral direito. Mas o que é estimulação magnética transcraniana? Trata-se de uma técnica não-invasiva,na qual pulsos elétricos são gerados através de um campo magnético, de modo a modular a excitabilidade cortical, com um potencial tratamento para uma variedade de doenças neuropsiquiátricas. Porém, ao realizar esse tratamento, exija a presença de um neurologista, pois o sucesso do tratamento dependente da frequência dos campos magnéticos pulsados. Por exemplo a estimulação magnética transcraniana pode ser utilizada para estimular (alta frequência; aproximadamente 10 Hz), ou inibir (de baixa frequência; cerca de 1 Hz) a atividade neural em uma determinada região cortical – para garantir a precisão, solicite a presenta de um neurologia especializado no assunto. No caso da dependência química, o aumento da atividade do córtex pré-frontal dorsolateral por estimulação cerebral não-invasiva, tem demonstrado ser uma das técnicas mais eficazes para redução de sintomas de craving, ou seja da fissura.
” No caso da dependência química, o aumento da atividade do córtex pré-frontal dorsolateral por estimulação cerebral não-invasiva, tem demonstrado ser uma das técnicas mais eficazes para redução de sintomas de craving, ou seja da fissura”. Os estudos sugerem tal benefício, mas até o momento não temos nenhuma certeza. E a superioridade de tal método às abordagens psicoterápicas é fortemente questionável. Frente à farmacoterapia, posto que essa não tem evidencias que corroborem eficácia para o abuso de substâncias ilícitas, mas somente as comorbidades psiquiátricas associadas, poderíamos sim presumir alguma superioridade. Mas também desconheço estudos sérios que os comparem.