Em recente entrevista no programa da apresentadora americana Oprah, a famosa cantora Tina Turner disse que sofreu um derrame cerebral ou acidente vascular (AVC) aos 74 anos. “Acordei no hospital e disseram que não podia andar, não acreditei… Tentei me levantar da cama e cai no chão…Eu não culpei ninguém, só a mim mesma. Entendi que ia precisar aprender a me levantar.” Foi então que Tina Turner iniciou o tratamento, particularmente, para melhorar o lado direito do corpo, o mais afetado. “Forçava minha mão, treinava a perna para não mancar”, dizia a cantora.Não só a cantora Tina Turner, como mais de 17 milhões de pessoas por ano mostram um episódio de AVC, que pode ser isquêmico ou hemorrágico, você sabe qual a diferença?O isquêmico, como o próprio nome diz, ocorre pela obstrução ou redução abrupta do fluxo sanguíneo em uma artéria do cérebro, isso causa a falta de circulação sanguínea na região. O acidente vascular isquêmico acontece em 85% dos casos de AVC. Já o hemorrágico acontece quando há a ruptura de um vaso e extravasamento de sangue para o interior do cérebro. Este tipo de AVC está mais ligado a quadros de hipertensão arterial e mostra mais casos de morte.Atualmente, o AVC é a doença que mais mata no Brasil e a que mais causa incapacidade no mundo: cerca de 70% das pessoas que sofrem um derrame não retorna ao trabalho após o evento e 50% se tornam dependentes de outras pessoas. Apesar dessas informações preocupantes, muitas pessoas não realizam exames periódicos e, pior, ignoram os sintomas principais da doença. Qualquer sinal de perda abrupta de mobilidade de um lado do corpo, visão, sensibilidade, distúrbio sensitivo, alteração do nível de consciência, da verbalização e compreensão são motivos para ficar atento, pois quanto maior o tempo entre o AVC e o atendimento médico, mais consequências negativas acontecem.Sedentarismo, má alimentação, colesterol alto, obesidade, tabagismo, uso de substâncias químicas ilegais, excesso de bebidas e principalmente hipertensão arterial são fatores de risco para AVC. Após o atendimento inicial, com desobstrução da artéria com isquemia ou, no caso do AVC hemorrágico, estabilização do quadro e, em parte dos casos, cirurgia, neurologistas auxiliam na criação de estratégia para reabilitação, pois a maior parte das áreas do cérebro afetadas pelo AVC podem se reconstituir aos poucos se receber os estímulos certos.
Após o período de emergência é fundamental afastar os fatores de risco para um novo AVC, por exemplo, manter índice de pressão arterial normativos e cuidar de causas embólicas, como uma fibrilação atrial. Fisioterapia e fonoaudiologia devem ser iniciadas o quanto antes. Assim como tratamento com estimulação magnética transcraniana repetitiva para evitar a inibição inter-hemisférica, a qual infelizmente ocorre quando o lado afetado pelo AVC fica cada vez mais “fraco” com tendencia a ficar menos estimulado, isso gera uma neuroplasticidade mal adaptativa. Como consequência disso, o corpo do paciente fica muito rígido.
Por outro lado, mesmo quando ocorre essa rigidez pode ser feito um outro tipo de tratamento: neurólise de pontos motores com Botox. Sim! O Botox ajuda a promover um relaxamento de grupos musculares, o que possibilita aumentar a quantidade e a amplitude dos movimentos no paciente. Assim como ocorreu com a cantora Tina Turner, quanto mais rápido o diagnóstico e o início do tratamento, melhor o prognostico com menor número de sequelas, diante das diversas estratégias de reabilitação que podem ser utilizadas.