Procurando Dory (Finding Dory)é uma obra de animação, sequência do filme Finding Nemo (Procurando Nemo). Nesse filme, a protagonista Dory sofre de amnésia, e vai em busca de reunir-se com a sua família. Dory começa a ter flashs e sonhos fragmentados sobre o passado. Após ouvir uma palestra do Tio Raia sobre a migração, em que animais marinhos utilizavam o instinto para voltar para casa, as memórias de Dory são acionadas e a personagem tem a súbita vontade de encontrar seus pais, apenas vagamente lembrando onde viviam.
A Pixar, de uma maneira sutíl apresenta a deficiência intelectual nessa personagem, a qual é acompanhada por outros animais com algum tipo de deficiência. Por exemplo, o polvo Hank, o qual após ser mutilado desenvolve transtorno do estresse pós-traumático (TEPT), e o beluga Bailey, que mostra ansiedade e diversos desafios com a autoestima; além de Geraldo, que também mostra deficit cognitivo. Para quem não assistiu, vale a pena conferir com a família e compreender um pouco mais sobre o transtorno do desenvolvimento intelectual. Essa é uma condição com início no momento do desenvolvimento maturacional da criança que inclui déficits funcionais, ou seja, tanto declínios intelectuais quanto adaptativos, em dimensões conceitual, social e prática.
Indicativos de deficiência intelectual em crianças e adolescentes:
Os três critérios a seguir são indicadores de que a criança ou o adolescente possuem deficiência intelectual.
A. Dificuldades em funções intelectuais como raciocínio, solução de problemas, planejamento, juízo, pensamento abstrato, aprendizagem escolar e pela experiência – isso precisa ser confirmado através de avaliações clínicas por testes neuropsicológicos padronizados e individuais.
B. Dificuldades em funções adaptativas que resultam em problemas em aspectos socioculturais e na independência pessoal e responsabilidade social. Sem apoio continuado, tais problemas de adaptação limitam o funcionamento em uma ou mais funções diárias, como: comunicação, participação em eventos e situações sociais e vida independente em diferentes locais.
C. Início dos problemas intelectuais e adaptativos durante o período do desenvolvimento e crescimento da criança.
Diagnóstico Diferencial ao Transtorno de Deficiência Intelectual
O diagnóstico de deficiência intelectual considera os indicadores A, B e C e podem estar associados com as seguintes condições:
Transtornos neurocognitivos maiores e leves:
O transtorno de deficiência intelectual é definido como uma condição do neurodesenvolvimento e é diferente dos transtornos neurocognitivos, que se caracterizam por perda do funcionamento cognitivo. Também, um transtorno neurocognitivo maior pode ocorrer concomitantemente com deficiência intelectual (p. ex., criança com síndrome de Down que desenvolve Doença de Alzheimer na velhice ou pessoa com deficiência intelectual que reduz a capacidade cognitiva após um trauma encefálico).
Transtornos da comunicação e aprendizagem:
Esses transtornos de neurodesenvolvimento são particulares do domínio da comunicação e da aprendizagem, não exibem problemas no comportamento intelectual e adaptativo. Podem ser comórbidos com deficiência intelectual. Ambos os diagnósticos são feitos se a totalidade dos critérios para deficiência intelectual e para transtorno da comunicação ou específico da aprendizagem for preenchida.
Transtorno do espectro autista (TEA):
A condição intelectual alterada é comum entre pessoas com transtorno do espectro autista – TEA. O diagnóstico e´dificultoso pelos déficits sociocomunicacionais e comportamentais, inerentes ao TEA, que podem interferir em compreensão e engajamento nos procedimentos dos testes. Uma avaliação adequada da função intelectual no TEA é fundamental, com reavaliação ao longo do período do crescimento e desenvolvimento, uma vez que escores do quociente de inteligência – QI – em TEA podem ser instáveis, principalmente na primeira infância.
Tratamentos para Transtorno de Deficiência Intelectual
Não existe cura para Transtornos de deficiência intelectual. O tratamento para esse grupo de transtornos inclui abordagem para melhorar aspectos cognitivos e comportamentais. É multidisciplinar e mostra melhores resultados com intervenções precoces, ou seja, desde a detecção de que “algo pode estar errado”. O trabalho da pediatria e psiquiatria infantil ganha suporte de terapia ocupacional, fonoaudiologia, práticas de exercícios físicos, psicoterapia, estimulação cerebral por Neurofeedback e, por vezes, necessita de medicamento dependendo do caso.