A crise econômica pegou você? Saiba como não deixar que o estresse domine sua vida

Quanto vale seu sono? Quanto custa uma hora para brincar com seu filho? Você mora a 5 minutos da praia – caminhar pelo calçadão deve valer muito, né? E aquele bate-papo frente a frente com seu melhor amigo? Não tem preço! E sua coluna, suas mãos, sua alegria e sua tranquilidade, claro, que são inestimáveis e que você não trocaria por nada, não é mesmo?

Será?

E o que você faz? Acorda mais cedo para trabalhar, chega mais tarde do trabalho após ter ficado uma hora no trânsito, com os filhos já dormindo. Recebe um telefonema do amigo, mas está muito cansado (a) para atendê-lo. Segunda a sexta aquela rotina. E no sábado? Que maravilha, não? Você leva no seu carro 2.4 a família toda para passear no shopping, comer aquela comida no restaurante da moda e compra uns brinquedinhos para as crianças. Domingo, bem, é dia de descanso! Você liga a televisão e lá está o carro de seus sonhos. O sapato que te impressiona. O vestido que aquela atriz de Hollywood usa ou o terno de grife. E após mudar 40 vezes de canal lembra que amanhã é dia de trabalhar para pagar a vigésima prestação do carro.

A verdade é que somos massacrados pelo consumismo. Vítimas ou réus, investimos nosso bem mais precioso – nosso TEMPO – para comprar bens materiais que provavelmente nem tempo teremos para usufruí-los. Acorda-se mais cedo, bebe-se mais café, cada vez se faz mais cursos, especializações. Pelas ambições, o trabalhador se impõe metas e objetivos que geralmente estão longe de ser atingidos. Por outro lado o empregador tenta extrair ao máximo de seu funcionário, pois a cada ano a empresa tem que crescer em produtividade. E, o pior, no cenário atual de uma economia instável com o fantasma do desemprego à espreita, receita menor e gastos excessivos aliados se tornam grandes deflagradores de fadiga e estresse.

E o que seria fadiga e estresse?

O estresse é entendido como um conjunto de reações psicofisiológicas e comportamentais complexas, cuja origem está na necessidade de o organismo estabelecer a homeostase (equilíbrio) interno frente a uma situação ameaçadora. O desequilíbrio ocorre quando o organismo necessita responder a alguma demanda que ultrapassa a sua capacidade adaptativa. O processo do estresse compreende três fases: fase de alarme, fase de resistência e fase de exaustão. A primeira fase é muito positiva, nos prepara liberando noradrenalina e adrenalina gerando energia e motivação para enfrentar a situação desafiadora. Todavia, se o estresse permanecer, a fase de resistência e, por conseguinte, de exaustão, levando o indivíduo a apresentar fadiga e sensação de desgaste. As reações fisiológicas e psicológicas estão relacionadas a fatores econômicos e sociais, situações conflitantes no trabalho, pouca satisfação ou estudo, falta de perspectiva de promoção, rotatividade dos empregados. O nível de estresse e suas consequências aumentaram muito nas últimas três décadas em mulheres entre 30 e 40 anos com incidência 10% maior do que nos homens, pelo acúmulo de funções.

Quais são os efeitos psicológicos e mentais do estresse?

Ansiedade generalizada, depressão, doenças psicóticas, preocupação, raiva, alcoolismo, tabagismo, uso de drogas.

Como tratar doenças relacionadas ao estresse, como depressão, ansiedade, síndrome do pânico, adição às drogas de forma efetiva, consequentes e com menos efeitos colaterais?

Geralmente as pessoas recorrem a um médico ou a um psicólogo para tratar diversas doenças neuropsiquiátricas como a depressão e ansiedade, por exemplo. Terapia cognitiva comportamental, medicamentos e técnicas modernas com menos efeitos colaterais, como a estimulação magnética transcraniana podem ser muito úteis para melhorar os sintomas destas doenças. Entretanto, é fundamental que os profissionais de saúde e familiares, após um resgate mínimo de energia e motivação com tratamento inicial, incentive a realização de exercícios físicos e/ou técnicas de meditação. Isso tudo, combinado a uma mudança no estilo de vida, certamente ajudará a promover o equilíbrio físico-mental tão valioso, mas tão colocado à margem e vendido por nós nestes tempos modernos.

“Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem do presente de forma que acabam por não viver nem no presente nem no futuro. E vivem como se nunca fossem morrer… e morrem como se nunca tivessem vivido”

Muitas vezes atribuído ao Dalai Lama, o trecho é uma adaptação de uma parte do texto de Jim Brown chamado “Sonhei que tive uma entrevista com Deus”.

Por: Dra. Vanessa Teixeira Müller

Referências:

Sadir MA, Bignoto MM, Lipp MEN. Stress e qualidade de vida: influência de algumas variáveis pessoais. Paidea 2010; 20(45)73-81.