Seu mundo é uma prisão – pode ser Transtorno do Pânico. Mas há luz no breu. Saiba como a Estimulação Magnética Transcraniana liberta você

Pamela (nome fictício) não roubou milhões, não foi pega em nenhum escândalo de lavagem de dinheiro e muito menos mora em Brasília. Trabalhou desde adolescente, sempre buscou independência até se tornar professora universitária, mas infelizmente viveu durante muito tempo numa prisão: seu quarto. Quando tinha 30 anos, durante uma aula rotineira, de repente sentiu dormência e formigamento nas mãos, palpitação, sudorese, dificuldade de respirar com uma sensação de sufocamento – e teve que parar repentinamente a aula, sendo removida para emergência.

Eletrocardiograma, ecocardiograma, curva enzimática, TUDO normal. Felizmente, não fora um infarto cardíaco. Independentemente disso procurou um cardiologista, explicou o quadro e refez alguns exames. Novamente para sua felicidade tudo normal. O problema é que Pamela estava passando por um momento de grande estresse em sua vida e de forma súbita sentia cada vez com maior frequência essas sensações. Percebendo que o álcool aliviava um pouco sua ansiedade, começou a beber com certo abuso e, mesmo alcoolizada, após uma crise forte que resultou num medo muito grande da morte, pediu afastamento do trabalho. Além disso, cada vez mais Pamela ficava com medo de sair, de encontrar pessoas, de se expor. Para piorar, começou a apresentar sintomas de depressão como tristeza, falta de motivação e falta de energia. Nessa fase já não saia de casa, não se alimentava, não se cuidava. Seus familiares procuraram ajuda. Seu Habeas Corpus começou quando, já acompanhada por um psiquiatra, foi diagnosticada com Síndrome do Pânico com agorofobia e Depressão. Iniciou tratamento medicamentoso, psicoterápico e tratamento neuromodulatório com estimulação magnética transcraniana. Pamela não retornou à vida acadêmica, mas já voltou a trabalhar em sua profissão, dirigindo seu carro sozinha.

Definição:

O Transtorno do Pânico (TP) caracteriza-se por ataques de ansiedade frequentes e recorrentes. O DSM-IV-TR4 define o ataque de pânico como um período de intenso medo ou desconforto, no qual quatro ou mais dos seguintes sintomas se desenvolvem abruptamente e atingem um pico em torno de dez minutos:

1) Falta de ar (dispneia) ou sensação de asfixia

2) Vertigem, sentimentos de instabilidade ou sensação de desmaio

3) Palpitações ou ritmo cardíaco acelerado (taquicardia)

4) Tremor ou abalos

5) Sudorese

6) Sufocamento

7) Náusea ou desconforto abdominal

8) Despersonalização ou desrealização

9) Anestesia ou formigamento (parestesias)

10) Ondas de calor ou frio

11) Dor ou desconforto no peito

12) Medo de morrer

13) Medo de enlouquecer ou cometer ato descontrolado

 

Diagnóstico diferencial

Um dos pontos-chave na avaliação dos pacientes com ataques de pânico é o diagnóstico diferencial, especialmente pela interface dessa apresentação com outros problemas clínicos de saúde. Assim, embora o diagnóstico do TP seja essencialmente clínico, uma série de situações clínicas e psiquiátricas tem retratos que incluem ataques de pânico ou que se assemelham a ele. Assim, o algoritmo de avaliação dos ataques de pânico inclui: ataques secundários a uma condição clínica (por exemplo, hipertireoidismo, feocromocitoma),  uso ou abstinência de substâncias (por exemplo, abuso de cocaína, estimulantes, cafeína, corticoides, abstinência de álcool), transtornos de ansiedade (como o TP) e outros transtornos psiquiátricos. Em virtude do caráter agudo do ataque de pânico, seu diagnóstico diferencial é essencial nas emergências médicas e deve ser guiado segundo a apresentação clínica.

Etiologia

Diversos fatores vêm sendo atribuídos à etiologia do TP, sendo que tanto fatores genéticos quanto ambientais parecem contribuir para esse transtorno.

Prevalência

A taxa de prevalência atual para o transtorno do pânico é de 1% a 2% da população adulta. O transtorno do pânico é comumente acompanhada de depressão maior, transtornos por uso de substâncias e outros transtornos de ansiedade.

Fatores de risco

O sexo feminino

Baixo nível socioeconômico

Temperamento ansioso na infância

Estresse excessivo

Morte ou adoencimento de pessoa próxima

Mudanças radicais ocorridas na vida

Histórico de abuso sexual durante a infância

Experiência traumática, como um acidente , por exemplo.

Transtorno de pânico como um fator de risco

O transtorno do pânico pode produzir acentuado sofrimento e prejuízo na qualidade de vida e está associada com risco significativo para suicídio.

O transtorno do pânico parece aumentar o risco de mortalidade por todas as causas, porque pode aumentar o risco de doença cardiovascular.

Tratamento para transtorno do pânico

O tratamento para a síndrome do pânico inclui cuidar da doença em si e dos problemas que podem estar associados a ela como, por exemplo, a depressão. Os medicamentos mais utilizados são os antidepressivos e ansiolíticos, associados à psicoterapia, preferencialmente a terapia cognitiva comportamental. Essa junção costuma obter bons resultados, todavia em casos refratários ou com baixa adesão ao tratamento farmacológico por reações adversas, outras estratégias são aventadas como a estimulação magnética transcraniana (EMTr), por exemplo.

 

Estimulação Magnética e Transtorno do Pânico

Estudos sugerem que o córtex pré-frontal dorsolateral ( CPFDL ) participa no circuito neural que está desregulado no Transtorno de Pânico ( TP) e Transtorno Depressivo Maior ( MDD) . Vários estudos como Montovani et al, Zwanzger et al, Machado S et al, demonstraram além de uma redução desta hiperativade uma significativa melhora clínica dos sintomas dos pacientes com pânico.

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Referências: 

http://www.abp.org.br/download/revista_debates_16_web.pdf

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