Em uma de suas entrevistas Jô Soares disse: “Você não começou a ter TOC com a idade? Eu sim. Os quadros na minha casa têm que estar levemente tombados para a direita”. Apesar da maior incidência com o processo de envermelhecimento, estudos indicam que 4% da população mundial tem transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) em idades tenras. Todos nós temos manias, hábitos e rituais, os quais determinam nossas rotinas diárias. Porém, quando as manias viram obsessões, que atrapalham a funcionalidade, o relacionamento afetivo e social, elas podem ser diagnosticadas como TOC. Este transtorno se caracteriza por ideias persistentes com sintoma de ansiedade, angústia e extremo estresse quando não se consegue realizar o determinado padrão de comportamento. Infelizmente, o TOC é agravado ao longo da vida.
Além do Jô Soares, outros famosos sofrem do mesmo mal, como Woody Allen, que chega a pressão arterial de meia em meia hora, Cameron Diaz, tem fixação por limpeza ao ponto de abrir portas com os cotovelos para evitar segurar em superfícies que outras pessoas tocam, Jennifer Lopez, que exige quarto totalmente branco toda vez que vai se hospedar em algum hotel e até mesmo o rei Roberto Carlos, com mania de entrar e sair do mesmo ambiente pela mesma porta, não usar roupas marrons e não assinar contratos em lua minguante.
Apesar de ser altamente frequente, muitas pessoas não procuram ajuda porque desconhecem a doença e o tratamento. Em geral, existem dois tipos de TOC – um que é subclínico, no qual existem pensamentos obsessivos, mas a pessoa não mostra comportamentos compulsivos e o TOC propriamente dito, ou seja, com obsessões e rituais que se repetem, cuja ansiedade só pode ser aliviada e controlada por meio da execução de manias. Além de fatores genéticos, o TOC pode ter causado e agravado por aprendizagem, quando se está em contato com alguém com determinado transtorno ou por acontecimentos traumáticos e estressantes – com sintomas de obsessão, fixação, pensamentos agressivos e indesejados.
O tratamento pode ser com medicamento e não medicamentoso. O tipo de medicamento que se usa são antidepressivos inibidores da recaptação de serotonina. Mas, o tratamento do TOC sem medicamentos, pode ser realizado com terapia cognitivo-comportamental e/ou com estimulação magnética transcraniana, os quais mostram melhores resultados. Em destaque para estimulação, que mostrou, há 20 anos atrás, melhora significativa da compulsão com apenas uma única aplicação de estimulação de alta frequência (20 Hz) ao córtex pré-frontal esquerdo, direito e occipital, em estudo aberto com 12 pacientes portadores de TOC. A intensidade das obsessões e compulsões foi medida antes, durante, após 30 minutos e após oito horas de cada uma das aplicações, feitas em dias diferentes para cada sujeito. Pesquisadores verificaram o efeito terapêutico da estimulação em 12 pacientes portadores de TOC, com 30 sessões de alta frequência (10 Hz). Foram observadas respostas positivas com redução superior a 40% do TOC. Não procurar um médico por vergonha ou insegurança é um caminho ruim e pode ter efeitos negativos para a vida. Quanto mais se adia o tratamento do TOC, mais grave fica a doença, por isso, procure um médico.