Apesar de ser utilizada para fins recreacionais e medicinais, nenhuma droga de abuso provoca mais controvérsia do que a cannabis, chamada de marijuana ou maconha. A prevalência de dependência está em 3o lugar, atrás do consumo de álcool e tabaco. Entre os efeitos do abuso do uso da maconha recreativa estão a euforia, disforia, alteração da percepção do tempo, redução de memória, aumento no tempo de reação, alteração nas funções sensoriais e motoras. E mais, existem casos de ataques de pânico e sintomas psicóticos.
Como ocorre a atuação da cannabis no cérebro?
O principal constituinte psicoativo da cannabis é o D9-tetrahidrocanabinol (D9-THC). Sua influência no cérebro é complexa, dose-dependente e parece ser o componente responsável pela indução de sintomas psicóticos em sujeitos vulneráveis, o que é compatível com o efeito de aumentar o efluxo pré-sináptico de dopamina no córtex pré-frontal medial.
Uso terapêutico da maconha
Nos últimos anos, ocorreu um aumento de interesse acerca do uso terapêutico do D9-THC, tendo sido demonstradas diversas utilidades clínicas, como, por exemplo, para o tratamento da dor, náusea e vômito causados por quimioterapia, perda deapetite em pacientes com AIDS, distúrbios do movimento, glaucoma e doenças cardiovasculares. O D9-THC atua por meio de dois receptores recentemente descobertos: CB1 – com distribuição no sistema nervoso central e CB2 – com distribuição periférica.
Esses receptores estão localizados principalmente na pré-sinapse e influenciam diferentes neurotransmissores tais como GABA, glutamato, noradrenalina, serotonina e dopamina, assim potencializando as suas ações. Esta ação pode influenciar a cognição, percepção, funcionamento motor, apetite, sono, neuroproteção, neurodesenvolvimento e liberação hormonal.
Tratamento da dependência por uso recreativo de maconha
Boggio e colaboradores (2010) mostraram redução de craving com estimulação por corrente contínua anódica à esquerda e catódica à direita. Isso melhorou a tomada de decisão e as redes neurais associadas com a função executiva de dependentes de maconha. Tanto a estimulação por corrente contínua, quanto a Estimulação Magnética Transcraniana mostram ser eficazes no tratamento contra a dependência. Alguns estudos também já foram feitos com Neurofeedback para aprendizagem de controle de emoções e tratamentos de comorbidades – como ansiedade e depressão. Por isso, em alguns casos a psicoterapia é indicada e há possibilidade de utilização de medicamentos que auxiliam na redução de transtornos de Saúde Mental.
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