A Tanatologia é o ramo da psicologia que estuda o morto e a morte, assim como os fenômenos dela decorrentes. Tânato significa, em grego, morte; e o sufixo logia, deriva do grego legein (falar), significa estudo. Estudo da Morte. Á parte, temos o estudo do luto.
O estudo do luto na psicologia é uma área importante que se concentra nas reações emocionais, cognitivas e comportamentais que ocorrem após a perda de alguém significativo. O luto é uma resposta natural e universal à perda, e os psicólogos estudam os processos envolvidos para compreender melhor como as pessoas se adaptam e se recuperam dessa experiência.
Existem várias teorias e modelos que ajudam a explicar o processo de luto. Uma das teorias mais conhecidas é o modelo de estágios de luto de Elisabeth Kübler-Ross, que descreve cinco estágios: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. No entanto, é importante ressaltar que nem todas as pessoas passam por esses estágios de forma linear ou sequencial. O luto é uma experiência individual e as reações podem variar amplamente de uma pessoa para outra.
Além dos estágios, os psicólogos estudam a intensidade e a duração do luto, fatores que influenciam a adaptação ao luto, estratégias de enfrentamento e apoio social durante esse período. Eles também exploram as diferenças culturais e as influências sociais no luto, reconhecendo que as respostas ao luto podem ser moldadas por valores culturais, crenças religiosas e expectativas sociais.
A terapia do luto é uma abordagem importante no campo da psicologia para ajudar as pessoas a lidar com a perda. Os terapeutas do luto trabalham com os indivíduos para ajudá-los a compreender e expressar suas emoções, ajustar-se à ausência da pessoa falecida, desenvolver habilidades de enfrentamento saudáveis e reconstruir suas vidas. A terapia do luto pode ser conduzida em grupo ou individualmente, dependendo das necessidades do indivíduo.
Elisabeth Kübler-Ross e a teoria das cinto fases do luto
Elisabeth Kübler-Ross desenvolveu uma das teorias mais utilizadas para tratamento de luto. Kübler-Ross foi psiquiatra suíça, radicada no EUA, deu força para o movimento Hospice na América, 1974 / 75: 1º hospice em Connecticut. Hospice é movimento de profissionais com uma maneira própria de oferecer cuidado às pessoas com doenças fora de possibilidade de cura e também às famílias.
Segundo Elisabeth Kübler-Ross, existem cinco estágios do luto. Esses estágios não são necessariamente sequenciais e podem ocorrer de forma diferente para cada pessoa que está enfrentando uma perda significativa.
Os estágios são:
Negação: Nesta fase inicial, a pessoa se recusa a acreditar na realidade da perda. Pode haver uma sensação de choque e incredulidade, uma dificuldade em aceitar o que aconteceu.
Raiva: À medida que a realidade da perda se torna mais clara, é comum sentir raiva e frustração. A pessoa pode questionar “por que isso aconteceu comigo?” e pode direcionar sua raiva para outras pessoas, para si mesma ou até para a entidade divina, dependendo de suas crenças.
Barganha: Nesta fase, a pessoa pode tentar fazer acordos ou barganhas para reverter a perda. Ela pode fazer promessas a si mesma ou a uma entidade divina, buscando uma maneira de desfazer o que aconteceu.
Depressão: À medida que a pessoa se dá conta da realidade da perda e de que não pode mudar o que aconteceu, ela pode entrar em um estado de tristeza profunda. Sentimentos de solidão, desesperança e vazio são comuns. Pode haver uma perda de interesse nas atividades diárias e um isolamento emocional dos outros.
Aceitação: Nesta fase, a pessoa começa a aceitar a realidade da perda e a encontrar uma maneira de seguir em frente. Isso não significa que a pessoa esqueça a perda ou não sinta mais tristeza, mas ela encontra uma forma de viver com a perda, integrando-a em sua vida de alguma maneira.
É importante destacar que esses estágios não são rígidos e não ocorrem necessariamente nessa ordem específica. Cada pessoa pode vivenciar o luto de maneira única, e algumas pessoas podem não experimentar todos esses estágios. Além disso, o luto é um processo individual e não há um prazo definido para que a pessoa “supere” a perda. É importante permitir-se sentir e buscar apoio adequado durante esse período.
A seguir vão algumas curiosidades sobre o estudo da morte.
Questão delicada: amputação de membros. Luto sem óbito.
Segundo a regulação dos Hospitais Universitários Federais do Ceará “Nas situações em que o paciente ou o representante legal solicitarem a responsabilidade pelo sepultamento em cemitério licenciado, conforme o parecer do CREMEC nº 09/2012 sobre peças anatômicas amputadas: “não é cabível a Declaração de Óbito em casos de peças anatômicas amputadas, tendo em vista que não se teve um óbito. Deverá ser elaborado relatório cirúrgico, assinado pelo médico responsável pela amputação do membro, para fins de sepultamento”. Portanto, não é adequado a exigência de Declaração de Óbito pelas funerárias ou pelos cemitérios. O médico elaborará um relatório em papel timbrado do hospital descrevendo o procedimento realizado (anexo 3). Ressaltamos que os custos de funerária e de cemitério são responsabilidades do paciente/representante legal.”
MORTE GREGA: MITOLOGIA E REALIDADE
•Os heróis homéricos objetivavam, acima de tudo, o alcance da glória individual, em uma sociedade em cada homem vivia em função do olhar do outro e também de sua autoafirmação, morrer áphanto e nónymos (sem ser remorado, tornando-se invisível frente à sociedade, era um dos piores fins para esses guerreiros).
• Stamatia Dova (professora helenística) reforça que há uma crença de que as circunstâncias da morte de alguém afetam a preservação social de sua memória.
Na Grécia Antiga a morte é bifurcada, ou se vive a bela morte (heroica) ou se vive a morte horrenda comum, assim temos o que Ernest Becker situa para todos nós: “O homem quer ser um deus, com apenas o equipamento de um animal; e por isso vive de fantasias” (BECKER, 1973, p.39). Os gregos eram politeístas.
“Perder a individualidade na morte é, sobretudo, o fim das possibilidades de encontrar adeptos aos pensamentos e ideias defendidos em vida. Essa interrupção se dá na busca da imortalidade e do tornar-se herói. Resta, ainda, a esperança de ser lembrado como ancestral e atingir, mesmo que momentaneamente, a imortalidade.” (Dênis Quadros)
Como é a morte para o filósofo Heiddeger?
•Heidegger entende a morte como uma experiência insuperável que deveria elevar-se a categoria filosófica, a partir da qual a autenticidade humana deve referir-se sempre.
•Em Heidegger, a vida está no interior da morte. A vida morre, logo a morte é mais forte, é determinante. É a antecipação da morte que dá a chave da totalidade e do ser todo da existência ou do Dasein. No fim de tudo está a morte e não a vida.
•É porque o Dasein é ser-para-a-morte que a morte ocupa potencial central de antecipação que traz o futuro para o agora como consciência-de-si.
Qual a diferença da morte em Heidegger e da morte em Platão, Aristóteles ou Hegel?
Nestes, a morte não decide nada; ela é parte do processo de geração e corrupção, como em Aristóteles, ou algo para o qual se deve preparar, uma meditatio mortis, como em Platão, mas sempre algo que sobrevêm ao homem em decorrência da natureza do corpo, pois a alma é imortal. Alma e morte são antagônicas.
•Em Heidegger é diferente. Dasein e morte se relacionam na própria essência. O Dasein é ser-para-a-morte.