As crises de síndrome do pânico são marcadas por uma ansiedade devastadora, envolvendo muito medo e desespero
Aperto no peito, mãos suando, falta de ar. Na mente, um medo inexplicável de que algo terrível pode acontecer ou que se pode enlouquecer a qualquer momento. Quando recorrentes, esses são alguns dos sinais que caracterizam a síndrome do pânico, distúrbio marcado por crises de ansiedade devastadoras, cheias de medo e desespero, que causam prejuízos graves à saúde e à vida social e profissional dos indivíduos.
Cerca de três milhões de brasileiros vivem essa rotina de pavor e angústia, em sua maioria, as mulheres. Sem hora marcada ou motivo aparente, estão sujeitos a paralisar de medo. Dependendo do grau, a sensação é incapacitante a ponto de tirar o sono e até impedi-los de sair de casa. Aumenta, ainda, a predisposição a outras doenças: em longo prazo, 60% dos pacientes diagnosticado com pânico possuem também depressão.
Dificuldade no diagnóstico prejudica o tratamento da Síndrome do Pânico
Quem sofre deste mal costuma fazer uma verdadeira maratona entre os médicos, mas, infelizmente, muitas vezes prevalece um diagnóstico clínico incorreto. Em geral, os especialistas não relacionam os sintomas físicos aos aspectos emocionais e psicológicos, e confundem as crises de pânico com problemas como estresse, estafa mental, nervosismo e até mesmo infarto – pela taquicardia e intensas dores no peito.
Mas a medicina vem avançando nesse sentido. Já foram definidos parâmetros mais precisos para ajudar na identificação e diagnóstico do distúrbio, incluídos na última versão da Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS). Antes, até a década de 60, por exemplo, as crises eram confundidas com sinais de loucura, e tratadas como tal.
Hoje, tratamentos com medicamentos e psicoterapia cognitivo comportamental (TCC) são eficientes para maioria dos pacientes. Entretanto, muitos ainda não respondem a eles. A boa notícia é que uma nova intervenção surge como um complemento eficaz no alívio dos sintomas das crises de pânico: a estimulação magnética transcraniana (EMT).
Saiba como a estimulação magnética alivia os sintomas da Síndrome do Pânico
Além de trazer menos efeitos colaterais, estudos recentes mostram que a técnica tem resultados positivos, com boa melhora nos sintomas dos pacientes. É também um procedimento seguro, o que é fundamental na busca por novas alternativas médicas.
Por meio da variação de um campo magnético, a estimulação magnética inibe as regiões do cérebro associadas aos episódios de pânico. Ao modificar e equilibrar essas áreas, a técnica promove uma alteração neuronal, organizando as atividades cerebrais e reduzindo a frequência das crises. Além disso, pode ajudar na melhora dos sintomas da depressão, doença comum aos pacientes que sofrem com a Síndrome do Pânico.
No Brasil, a estimulação magnética é liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2006 e recomendada pelo Conselho Federal de Medicina para o tratamento de depressão e esquizofrenia desde 2012. Além disso, sua utilidade terapêutica para outros distúrbios neurológicos, como o transtorno do pânico, já vem sendo apontada em diversos artigos e pesquisas.
Indicações e contraindicações da EMT
– É um método indolor e não invasivo, que pode ser realizado no próprio consultório médico, sem necessidade de anestesia ou internação.
– É reservada para casos em que a medicação não surte efeito ou que o uso dos medicamentos provoca grande efeito colateral.
– Quase ausência de efeitos colaterais. Extremamente segura, não traz danos ou toxicidade aos órgãos, como medicamentos podem causar.
– Pessoas com dispositivos eletrônicos ou metálicos na cabeça, principalmente implante coclear, não devem fazer as sessões. O campo magnético pode de alguma forma interferir no funcionamento do aparelho.
Fiz esse tratamento na USP, quinze sessões, e depois de muitos anos consegui retomar minha vida. É realmente uma pena que o acesso a esse tratamento tão benéfico seja tão complicado. A dor da Síndrome do Pânico e tudo que vem com ela somente quem possui compreende.