“Lavo as mãos várias vezes ao dia”, “sempre entro nos lugares com o pé direito”, “pulo 7 vezes até encontrar um objeto”. Sim, todo mundo tem suas manias. Mas quando elas deixam de ser um simples hábito ou superstição e passam a interferir na rotina, ocupando boa parte do tempo e prejudicando a vida pessoal e profissional, cuidado! Esses podem ser os primeiros sinais de um transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).
No Brasil, cerca de 4,6 milhões de pessoas sofrem com a doença. Irracionais e intrusivos, os pensamentos obsessivos e os rituais compulsivos trazem grande angústia e ansiedade para o dia a dia, além de afetarem diretamente a produtividade, o desempenho profissional e as relações sociais no ambiente de trabalho. Autocrítica excessiva, tendência ao perfeccionismo, inflexibilidade, autoritarismo e resposta inadequada à frustração e ao erro também são comportamentos típicos de quem tem o problema.
Nesse contexto, pessoas com TOC sempre tentam realizar com perfeição e dedicação excessiva qualquer tarefa. No entanto, para alcançar esse patamar e ficarem satisfeitas, muitas vezes levam um tempo maior do que o necessário na execução. Montar uma planilha, por exemplo, pode levar dias ao invés de horas pelas necessidades de ordenação, organização, checagem e rechecagem. Até o simples ato de ligar e desligar um computador pode demorar bem mais do que alguns minutos.
Assim, é fácil imaginar o desgaste mental e os desafios enfrentados pelo profissional com TOC. Além da produtividade e do desempenho comprometidos pelas limitações das compulsões, as relações sociais no ambiente de trabalho também são constantemente desgastadas. Muitas vezes, os colegas não entendem ou sabem lidar com o comportamento obsessivo e zombam da situação, causando tristeza, desconforto e ansiedade. Não à toa, é frequente o número de indivíduos com TOC que pedem demissão ou se afastam de vez das suas atividades laborais.
Como ajudar alguém com TOC
Pessoas com TOC geralmente se sentem diferentes e, por isso, tentam esconder suas obsessões e rituais compulsivos. Como elas mesmas reconhecem que seus pensamentos e ações não têm racionalidade, procuram disfarçá-los, evitando conversar e buscar apoio para resolvê-los. Esse isolamento provoca, além de grande esgotamento mental, tristeza, frustração e apatia, sentimentos muito próximos à depressão.
Nesse momento, é fundamental que um amigo ou familiar se aproxime e inicie com delicadeza e empatia uma conversa. Dizer que entende o quanto é difícil a situação, que outros também passam pelos mesmos problemas e que existem tratamentos eficazes disponíveis pode ser um primeiro passo importante.
Quer outras dicas para auxiliar os pacientes com TOC a buscarem ajuda? Confira abaixo. Com o tratamento correto, os sintomas da doença podem ser reduzidos e a qualidade de vida melhorada significativamente!
– No ambiente de trabalho, sempre lembre de forma compreensiva que, independente da perfeição, o melhor é finalizar a tarefa.
– Pessoas com TOC costumam esquecer o horário de almoço, pois ficam muito concentradas no que estão trabalhando. Sempre que possível, as convide para sair ou se ofereça para trazer algum lanche da rua.
– Os encorajem ao máximo a enfrentar situações que ajudem a deixar de lado os seus rituais compulsivos. Frisar que, mesmo sendo difícil no início, a aflição e o medo vão desaparecer naturalmente.
– Responder às suas perguntas somente uma única vez. Caso elas se repitam, reforce que é o TOC e a necessidade de ter certezas que o estão levando a fazê-las novamente, não a dúvida.
– Sempre lembrar as combinações feitas com o terapeuta: “verifique as coisas apenas uma vez”, “vou fechar o registro do chuveiro, pois combinamos um banho de 15 minutos”, “vamos sair no horário marcado, pois não vou esperá-lo mais do que isso”. Seja firme, mas não autoritário.
– Participe de grupos de autoajuda. Familiares de outros pacientes podem dar dicas valiosas de como lidar com os sintomas e as diferentes situações proporcionadas pelo TOC.
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