Influência Genética na Doença de Alzheimer

O Sistema Nervoso Central, SNC, mostra características únicas para sua proteção imunológica, com barreiras que limitam a entrada de grandes
moléculas e de células circulantes. Quando acontece uma inflamação no SNC, a resposta inflamatória é diferente da realizada pelosdemais órgãos, o que pode acarretar em uma degeneração e morte das células nervosas, doenças neurodegenerativas (DNDGs), entre elas a Doença de Alzheimer, sigla DA.

Quais são as causas da doença de Alzheimer?

Na busca pela etiologia do Alzheimer, os fatores genéticos desempenham papel fundamental (GRAU et al., 2019). Há duas apresentações clínicas principais para DA – a de início tardio (DAIT) é a forma mais comum, inicia a partir de 65 anos. Cerca de 10 % dos casos de DA acometem com idade igual ou inferior a 65 anos, geralmente atinge sucessivas gerações de uma família. Já o Alzheimer precoce (DAIP) é determinada em grande parte por fatores genéticos – 35 a 60% dos pacientes têm ao menos um familiar de primeiro grau afetado e dentre este grupo 10 a 15% apresentam hereditariedade autossômica dominante (RIBEIRO et al., 2021).

De acordo com a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAZ) existem outros fatores relevantes para o surgimento de Alzheimer como: hipertensão, diabetes, obesidade, tabagismo, sedentarismo. Ainda pessoas com histórico de complexa atividade intelectual e alta escolaridade tendem a desenvolver os sintomas da doença em um estágio mais avançado da atrofia cerebral, pois é necessária uma maior perda de neurônios para que os sintomas de demência comecem a causar impacto. Por isso, a estimulação neurológica através de Estimulação Magnética Transcraniana e Neurofeedback, além de outros estímulos cognitivos são tratamentos essenciais para auxiliar na manutenção das células nervosas e para retardar o processo neurodegenerativo da DA. Até o momento, os recursos terapêuticos disponíveis para a DA estão limitados ao gerenciamento de sintomas, na tentativa de impedir o declínio cognitivo e a progressão da doença. Assim, há um crescente interesse por estratégias que possam intervir em seus
mecanismos (MOREIRA et al., 2020).

Como é o começo do Alzheimer?

Entre os principais sintomas da DA estão: redução de memória; desorientação temporal e espacial; dificuldade em fazer tarefas do cotidiano; lentidão em resolver problemas; problema de linguagem; trocar o lugar das coisas e mudança de comportamento.

Quais são as complicações da Doença de Alzheimer?

Na fase mais avançada, os prejuízos motores aumentam e a pessoa tem dificuldade para se manter em pé, caminhar, engolir, controlar o esfíncter torna-se totalmente dependente. A DA não mata, mas suas complicações são fatais, como a pneumonia.

Quais as fases da doença de Alzheimer?

  • Os estágios da DA são:
  • Inicial ou Leve – O primeiro estágio é marcado por alterações na memória, na personalidade e nas habilidades visuais e espaciais.
  • Moderada – Neste estágio, as dificuldades de linguagem, assim como para realizar tarefas simples e coordenar movimento, são acentuadas. …
  • Grave – Já é completamente dependente de um cuidador. Ela pode apresentar dificuldades para falar, comer, andar e incontinência urinária e fecal.
  • Terminal – A pessoa com DA fica restrita ao leito. Em muitos casos, não consegue se alimentar normalmente pela boca e pode sofrer infecções recorrentes.

Qual o tempo de vida de uma pessoa com Alzheimer?

As pessoas com Alzheimer vivem aproximadamnte oito anos, mas algumas pessoas podem sobreviver por até 20 anos (ALZ, 2021). O curso da doença depende da idade em que a pessoa foi diagnosticada e se a existem outros problemas de saúde.

Como é a morte por Alzheimer?

Como é uma doença neuro degenerativa, ela atrofia as células do cérebro e com os passar dos anos e décadas afeta os sistemas neuronais responsáveis pelos reflexos naturais que nos mantêm vivos, tais como engolir, tossir e respirar. Tais dificuldades levam a problemas respiratórios e cardíacos, assim como a morte.

A Doença de Alzheimer de Início Precoce (DAIP) – aspectos genéticos

A DAIP mostra um curso clínico inicial atípico, com um aspecto clínico muito mais agressivo. Afeta áreas de função executiva, função visual-espacial e de habilidades motoras e menor comprometimento da memória. Entretanto, tem uma maior densidade de placas amilóides e um padrão de distribuição mais difuso do que na DAIT.  A maioria das variantes genéticas associadas com a DAIP têm transmissão autossômica dominante (Figura 1

Mecanismo de surgimento da Doença de Alzheimer a partir da clivagem da APP de Ribeiro et al. (2021).

As mutações monogênicas com padrão autossômico dominante da DAIP prejudicam a codificação e a função correta de diferentes proteínas, entre elas a Proteína Precursora Amilóide (APP), os genes da Presenilina (PSEN1 e PSEN2), a Proteína Tau, além de polimorfismos do alelo E4 da Apolipoproteína E (APOE) (RIBEIRO et al., 2021). Mutações nos genes APPPSEN1 e PSEN2 levam à clivagem anormal ou agregação da Proteína Precursora Amilóide, resultando na forma mais típica de amnésia. Entretanto, os pacientes podem mostrar outras características distintas como mioclonia precoce, paraparesia espástica, convulsões, efeito pseudobulbar, angiopatia amilóide mais extensa e morfologia e distribuição atípicas das placas amilóides (RIBEIRO et al., 2021).

A DAIP representa cerca de 10% entre portadores da doença de Alzheimer. Todavia, apenas 5% apresentam alguma mutação. Isso indica que muitos casos genéticos permanecem inexplicados (RIBEIRO et al., 2021). Desta forma, são importantes estudos contínuos que busquem não apenas variações monogênicas, mas também polimorfismos de nucleotídeos únicos (single nucleotide polymorphisms SNPs) e estudos de associação em todo o genoma (genome-wide association studies – GWAS).

Os principais genes associados são APP, PSEN1, PSEN2, MAPT e o polimorfismo E4 da APOE. Tais genes sofrem mutações missenses que acabam por alterar suas funções, sítios de clivagem e expressões, causando principalmente o aumento de agregados de Aβ na parede externa dos neurônios e a formação de emaranhados neurofibrilares (NFTs) de uma maneira precoce, antes dos 65 anos, caracterizando a DAIP (RIBEIRO et al., 2021). Além das mutações dominantes, outras mutações recessivas, mutações que segregam em homozigose, transversões, inserções, deleções e polimorfismos já foram relatados (RIBEIRO et al., 2021).

Mediante situações anormais, como inflamação e toxicidade por altas concentrações de substâncias no cérebro, o sistema nervoso central busca alternativas para manter a homeostase do organismo, ativando a micróglia que libera fatores neurotóxicos e pró-inflamatórios que acabam por acelerar a neurodegeneração, gerando Doenças Neurodegenerativas (DNDGs) como o Alzheimer, Parkinson e Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) (RIBEIRO et al., 2021).

Os principais genes relacionados a DAIP são APP, PSEN1, PSEN2 e MAPT, que codificam as proteínas APP, Presenilina 1, Presenilina 2 e Tau, respectivamente. Além disso, há a Apolipoproteína E, uma proteína que regula o metabolismo das lipoproteínas, tem três isoformas e consiste em um polimorfismo importante, pois aponta um fator de risco para o surgimento do Alzheimer precoce.

A Proteína Precursora Amilóide é considerada um fator chave para estabelecer e manter a arquitetura neuronal, por isso, mutações relacionadas ao gene que codifica esta proteína são tão prejudiciais à sobrevivência dos neurônios, principalmente porque causam a clivagem amiloigênica dessa proteína, liberando os peptídeos Aβ que se agregam formando as placas neuríticas que se depositam na parede externa dos neurônios causando neurodegeneração e morte das células nervosas (RIBEIRO et al., 2021).

As Presenilinas 1 e 2 fazem parte do complexo γ-secretase, estão ligadas a clivagem da APP, têm papel importante no processo apoptótico, inflamatório e podem acelerar a neurodegeneração. A proteína Tau é responsável por formar e manter os fusos neurofibrilares, por isso, as mutações no gene MAPT tem relação direta com a morte dos neurônios que, ao serem destruídos, formam emaranhados neurofibrilares (NFTs) na região intracelular (RIBEIRO et al., 2021).

As mutações relacionadas aos genes codificadores da APPPSEN1 e PSEN2 são capazes de explicar apenas de 5 a 10% da DAIP, o que corresponde a apenas 1% de todos os casos de Alzheimer (RIBEIRO et al., 2021). Os estudos sobre mutações causadoras de DAIP mostram que ainda é necessário mais estudos. Sabe-se que a maioria das variantes ocorrem na Presenilina 1, mas é necessário investigar mais genes como a APP, PSEN2, MAPT, a fim de descobrir mutações relacionadas ao surgimento de tal doença (RIBEIRO et al., 2021). Novos genes estão sendo estudados e relacionados com o desenvolvimento da DAIP. Porém, as mutações que ocorrem nesses genes ainda não conseguem explicar totalmente o surgimento do Alzheimer.

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